Troca de cartas inéditas entre Mário e Rodrigo de Andrade vira livro
O livro inédito Correspondência Anotada será lançado nesta terça-feira (23/5), no auditório do Iphan, em Brasília
atualizado
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Uma troca de cartas entre Mário de Andrade (1983-1945) e Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969) tornou-se fruto do livro Correspondência Anotada, organizado por Maria de Andrade e com notas de Clara de Andrade Alvim e Lélia Coelho Frota, com lançamento marcado para esta terça-feira (23/5), em Brasília.
Vencido o prazo de sigilo de cinquenta anos com que Mário de Andrade havia preservado parte de seu arquivo, Correspondência Anotada, lançado pela editora Todavia, revela cartas inéditas de Rodrigo e se une a obra Mário de Andrade: Cartas de trabalho: Correspondência com Rodrigo Melo Franco de Andrade, 1936-1945, escrito por Lélia Coelho.
O envio de correspondência entre o poeta e o jornalista é peça fundamental no engenho de construção do patrimônio artístico e cultural brasileiro e no próprio processo de formação da identidade nacional.
A correspondência revela o papel de editor, escritor e articulador desempenhado por Rodrigo na parceria construída com Mário de Andrade ao longo de quase duas décadas.
Em conversa com o Metrópoles, Maria de Andrade, organizadora do livro, comentou que a obra surgiu como uma continuação do livro de Lélia Coelho, que mostra as cartas de Mário, mas não as respostas de Rodrigo:
“As cartas do Mário para o Rodrigo já tinham sido publicadas antes em um recorte. Esse livro só tinha as cartas do Mário para o Rodrigo porque nessa época as cartas do Rodrigo para o Mário estavam sob uma espécie de restrição de publicação que o próprio Mário tinha deixado, uma parte do acervo dele de cartas com essa restrição de divulgação por 50 anos desde a data da morte dele.”
“Vencido esse prazo, aquele livro que trazia só as cartas de Mário para o Rodrigo ficava sempre assim… Pedindo as cartas do outro lado, do lado do Rodrigo. Então essa foi a ideia, juntar as cartas do Rodrigo para o Mário. E nisso veio junto a descoberta de cartas anteriores a esse período de 36 a 45. Então, a correspondência nesse livro inicia-se em 1928 e vai até 1945, data da morte do Mário”, completa ela.
Maria de Andrade ainda contou que a literatura é muito presente nas cartas entre Mário e Rodrigo. A primeira carta, escrita em 1928 traz Rodrigo, na época editor-chefe de O Jornal, encomendando a Mário de Andrade um artigo sobre Aleijadinho.
A correspondência passa pela edição do livro Homenagem a Manuel Bandeira, por trocas de comentários sobre os livros um do outro, e prolonga-se até o momento em que Mário de Andrade poria em sua última obra, a qual investiga a trajetória do pintor das igrejas de Itu, o multiartista padre Jesuíno do Monte Carmelo.
Sobre a escolha de Clara de Andrade, filha de Rodrigo, para contribuir com as notas, ela disse: “Ela foi escolhida por ter uma dupla competência, tanto porque ela é professora de literatura, e conhecimento também pela vivência dela, em casa com o pai, com todas essas pessoas que são citadas [no livro] e que são os amigos do círculo deles”.
Lançamento da obra
Correspondência Anotada será lançado nesta terça (23/5), às 17h, no auditório do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília.
O evento contará com apresentação de Leandro Grass, presidente do Iphan; Clara de Andrade, autora das notas do livro; Maria de Andrade, organizadora da obra; Ligia Ferreira, pesquisadora do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP) e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); e Mariza Veloso, antropóloga e professora da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Rio Branco.
Lançamento do livro Correspondência Anotada
Nesta terça-feira (23/5), às 17h, no auditório do Iphan (SEPS 702/902). Entrada franca.