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Sob As Estrelas do Alto Paraíso: livro fecha trilogia sobre a ditadura

A obra é o terceiro livro da série que marca a estreia do jornalista Maurício Corrêa na literatura

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Maurício Corrêa - Sob As Estrelas Do Alto Paraíso
1 de 1 Maurício Corrêa - Sob As Estrelas Do Alto Paraíso - Foto: Reprodução

Em 31 março de 1964, tropas militares marcharam de Minas Gerais para o Rio de Janeiro para depor o governo de João Goulart, presidente à época, dando início a um dos períodos mais sangrentos da história do país.  É nesse contexto dos conflitos armados decorrentes do regime militar que se desenrola a série de três romances que lançou o jornalista Maurício Corrêa ao mercado editorial no ano passado, concluída com seu mais recente título Sob As Estrelas do Alto Paraíso.

Na obra, publicada pela Editora Ramalhete, o autor conta a história de uma guerrilheira que, após anos exilada, resolve abandonar a política e fundar uma comunidade esotérica em Alto Paraíso, uma das cidades que compõem a Chapada dos Veadeiros, em Goiás.

Mineiro, radicado em Brasília e amante de literatura policial, Corrêa avisa: “Tem muito sangue, muito tiro, muita tortura. Não é um livro pra crianças nem para conservadores”.

Iniciada no ano passado com a publicação de Há Um Débito Em Seu Nome e O Militante Tem Medo, a trilogia soma 740 páginas, cujas páginas contam histórias não sequenciais. “São romances independentes, embora os personagens possam transitar em mais de um livro”, explica o autor ao Metropoles.

Período que merece reflexão na literatura

Apesar de não ter se envolvido diretamente com a resistência armada, movimento que inspirou a obra, Corrêa diz que “andou por ali, tangenciando”.  Jornalista veterano, ele passou por várias redações, inclusive as sucursais de Brasília do Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Folha de São Paulo e Estadão, sempre na cobertura de infraestrutura.

“Ao longo da vida, tive a oportunidade de conhecer muita gente boa que combateu a ditadura pegando em armas e que foi presa, banida e exilada, além dos que morreram em combate ou foram vítimas de tortura. Muitos dos que cumpriram pena fluíram para o jornalismo. Sou um crítico da luta armada, mas de qualquer forma é preciso reconhecer que aqueles que o fizeram combateram em nome de um ideal e muitos perderam a vida por causa disso. Essa gente precisa ser respeitada”.

O jornalista acredita que a repressão da ditadura brasileira é “um momento da história que merece uma reflexão especial por parte de todos nós, principalmente hoje quando muitos brasileiros flertam abertamente com o autoritarismo e vão para as ruas defender o fim da democracia, com os militares novamente dando as cartas”.

“É importante que aquele contexto conturbado não se repita. Estão totalmente equivocados aqueles que defendem a volta da ditadura”, aponta o autor.

Estreia como escritor

Depois de estrear no mercado editorial com a série, Corrêa já está trabalhando em dois novos projetos, com temas distintos. O próximo a ser lançado será um livro com 12 contos. Depois, ele voltará a produzir um romance. “Foi uma experiência fascinante escrever e publicar o primeiro livro”.

“Estava remoendo essa ideia [de escrever o livro] há vários anos, mas sempre fugi um pouco disso. Até que um tempo atrás, achei que já estava maduro para escrever algo sobre a luta armada e resolvi partir para essa experiência literária”, completou.

Apesar do início da carreira de escritor ter sido prejudicada pela pandemia, ele pretende dar continuidade aos lançamentos presenciais assim que for possível. Por enquanto, os livros serão disponibilizados na loja virtual da Editora Ramalhete (clique para acessar). 

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