Raul Seixas teria entregue Paulo Coelho à ditadura, diz livro
O Maluco Beleza faleceu há 30 anos: o cantor será tema de livro escrito por Jotabê Medeiros
atualizado
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O livro Raul Seixas: Não Diga que a Canção Está Perdida, de Jotabê Medeiros, será lançado no dia 1 de novembro. Nele, o jornalista conta a história do cantor, incluindo o momento no qual o roqueiro conheceu Paulo Coelho. Juntos, eles compuseram faixas que se tornaram clássicos do rock brasileiro.
Eles também enfrentaram a ditadura militar no Brasil. No entanto, o livro afirma que Raul pode ter entregado Coelho aos militares. O caso, segundo o autor, aconteceu em maio de 1974, após a dupla lançar Krig-ha, Bandolo!, que vendeu mais de 100 mil cópias na época. Segundo Medeiros, o Maluco Beleza foi chamado para dar um depoimento no Dops (Departamento de Ordem Política e Social), e pediu para o amigo acompanhá-lo.
De acordo com o livro, Raul entrou na sede do órgão e, meia-hora depois, retornou tentando dar algum recado cifrado a Paulo. O escritor não entendeu e foi chamado para o interrogatório. Depois, a polícia foi até o apartamento do “Mago” e prendeu sua namorada, Adalgisa Rios. No dia seguinte, quando foi liberado, Paulo pegou um táxi com Raul e acabou capturado novamente, além de ser levado para um lugar desconhecido – onde foi torturado por duas semanas.
A resposta de Paulo
Questionado pela reportagem da Folha de São Paulo, Paulo Coelho não quis comentar o episódio. “Não sou o tipo de pessoa que gosta de ficar olhando para chagas que já cicatrizaram”, afirmou por e-mail.
Ao ver a reportagem, no entanto, o escritor a compartilhou em seu Twitter: “Fiquei quieto por 45 anos. Achei q [sic] levava segredo para o túmulo”. Em seguida, Paulo Coelho voltou as redes sociais: “Não confirmei e não confirmo nada. Eu apenas vi o documento e me senti abandonado na época. Por isso que não quis dar entrevista”.
Raul Seixas faleceu há 30 anos e sua relação com Paulo Coelho sempre foi celebrada. No entanto, há indícios de que “chagas” não cicatrizaram. No filme sobre sua vida, o escritor mencionou que se ressente de Raul não tê-lo procurado durante o tempo que ficou cativo, nem mesmo quando foi liberado. Além disso, ele publicou um artigo no The Washington Post, neste ano, no qual há um trecho em que diz “procurar o cantor” – a menção foi feita quando ele relembrava o momento em que foi liberado pela ditadura militar brasileira.