Primeira coronel trans do Brasil lança livro sobre intolerância religiosa
Na obra, Maria Antônia, primeira coronel trans da PMDF, rebate a “teologia do ódio”, após anos de estudo sobre livros sagrados
atualizado
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Maria Antônia, 61, a primeira coronel transsexual da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), e do Brasil, lança no dia 30 de junho o seu segundo livro, Dos Detritos aos Manuscritos: O Caminho de Volta aos Originais Hebraicos através do Fio de Ariadne. A obra retrata a origem dos discursos de ódio de cunho religioso contra a comunidade LGBTQIAPN+ e como combatê-los a partir de fatos bíblicos com origem desde o ano 200 A.C. até os dias atuais.
Conheça a história de Maria Antônia, primeira coronel trans do Brasil.
O livro traz informações atuais sobre os Manuscritos do Mar Morto e cursos e seminários que a coronel participou na Universidade Hebraica de Jerusalém e em universidades espalhadas pelo Brasil. De acordo com Maria Antônia, sua segunda obra colocará em cheque as mais altas autoridades religiosas evangélicas do país, que proferem discursos de ódio contra a comunidade LGBTQIAPN+, no mês do Orgulho Internacional.
“Eu acredito que a partir do momento da leitura desta obra, as pessoas vão ter uma série de ferramentas bíblicas, em hebraico, em grego, em latim, em português, para que haja uma desconstrução do discurso de ódio, que eu chamo de teologia do ódio, onde as pessoas falam o que pensam e não aquilo que o eterno escreveu, não aquilo que foi compilado durante tantos anos”, afirma a coronel.
A escritora, que ficou em segundo lugar na categoria de melhor literatura LGBTQIAP+ no POC AWARDS 2022, com o livro Memórias da Primeira Coronel Mulher Trans do Brasil, afirmou que indica a sua segunda obra, inclusive, para líderes religiosos.
“Indico para líderes religiosos, pastores… Não só indico, como questiono a formação dessas pessoas, dessas lideranças religiosas. Eu entendo que nós deveríamos ter uma legislação no congresso nacional para que essas pessoas não pudessem simplesmente sair por aí falando o que entenderam, sem uma formação em hebraico, sem uma formação em grego, sem um conhecimento básico do latim, e muitas vezes nem português, então é importante que a gente questione também a formação teológica dos pastores”, diz Maria.
“São 400 páginas de história, culturas diferentes, origem das traduções, manuscritos originais e textos em hebraico, grego e latim, onde a homofobia, transfobia e misoginia bíblica é desconstruída de uma forma muito clara”, afirma a coronel sobre a obra, que estará disponível nas plataformas Google Play Livros, Amazon e Apple Books.