Prêmios nacionais de literatura menosprezam mulheres escritoras
Em pesquisa realizada pelo Metrópoles, é possível constatar que mulheres recebem apenas 17% dos troféus nas oito maiores premiações do país
atualizado
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A comunidade literária do país comemorou a volta do Prêmio Bravo! de Literatura, que havia encerrado as atividades em 2013. Porém, ao verificar os finalistas indicados para receber o troféu pelo melhor livro de 2016, um certo desânimo se abateu entre escritores — ou melhor, entre escritoras. Novamente, a premiação deixou de fora as mulheres, optando por três obras criadas por homens.
A predominância masculina do Prêmio Bravo! não é, infelizmente, novidade. O problema é nacional e os números, desalentadores. Levantamento do Metrópoles mostra que, desde 1941, as mulheres receberam apenas 17% dos principais troféus oferecidos pelos oito maiores eventos literários do Brasil.
De acordo com Regina Dalcastagnè, professora de literatura da Universidade de Brasília (UnB), há uma crença de que as escritoras produzem “literatura feminina”, como se fosse uma categoria menos relevante. “Há um menosprezo do que é feito por mulheres”, afirma.
Falta de reconhecimento
Indicada ao Nobel de Literatura em 2016, Lygia Fagundes Telles (“Ciranda de Pedra”) recebeu apenas seis prêmios nacionais, enquanto Cristóvão Tezza (“O Filho Eterno”) já garantiu nove condecorações (cinco delas em concursos listados nessa reportagem).
Outros grandes nomes da literatura nacional, como Cora Coralina (“Estórias da Casa Velha da Ponte”), Hilda Hilst (“A Obscena Senhora D”) e Cecília Meireles (“Romanceiro da Inconfidência”), não tiveram seus trabalhos literários reconhecidos mais do que um par de vezes.