Nova edição do livro “Macunaíma” traz tipografias indígenas
A obra, escrita por Mário de Andrade, é considerada até hoje um dos principais símbolos da formação do “povo brasileiro”
atualizado
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Uma das obras-primas da literatura brasileira, “Macunaíma” ganhou nova edição, cheia de novidades. O livro, escrito por Mário de Andrade e publicado em 1928, é considerado até hoje um dos principais símbolos da formação, por meio da cultura, do “povo brasileiro”.
Neste mês, a Editora Ubu relançou o livro, trazendo as fontes indígenas utilizadas por Mário de Andrade durante sua composição. Há também prefácios inéditos do escritor e um glossário com o significado de cada uma das palavras indígenas apresentadas na obra.
Além disso, a nova edição do livro conta com ilustrações do carioca Luiz Zerbini, que fez monotipias representando a vegetação tropical de modo similar às fontes indígenas apresentadas por Mário de Andrade em seu texto.
A obra também traz o mito de Makunaíma, que veio à tona por meio das pesquisas realizadas pelo viajante alemão Theodor Koch-Grünberg em 1924, no norte do país.Confira um dos trechos mais polêmicos do mito:
“Quando Makunaíma ainda era menino, chorava a noite inteira e pedia à mulher do irmão mais velho que o carregasse para fora de casa. Ele queria segurá-la e abusar dela. Sua mãe decidiu levá-lo para fora, mas ele não quis. Então a mãe mandou a nora levá-lo: ela o carregou para fora, afastando-se uma boa distância da casa, mas ele pediu para que o levasse para mais longe. Então a mulher o levou para mais longe, para trás de um morro. Makunaíma ainda era um menino. Mas quando lá chegaram, ele se tornou um homem e abusou dela. Passou a proceder sempre assim com a mulher, a usava cada vez que o seu irmão ia caçar. O irmão, porém, nada sabia. Em casa, Makunaíma era uma criança, mas quando saía, logo se transformava num homem.”