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“Na prisão, fiquei com rejeição sexual à figura dos homens”, diz Caetano

Cantor brasileiro participou de uma das mesas mais aguardadas do evento ao lado do filósofo Paul B. Preciado

atualizado

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1 de 1 Caetano Veloso - Foto: Divulgação

No encontro entre Caetano Veloso e o escritor espanhol Paul B. Preciado, um dos mais aguardados da Feira Literária de Parary (Flip 2020), o cantor e compositor brasileiro falou sobre o avanço da extrema direita no Brasil, memórias que compõem sua autobiografia e refletiu sobre a construção de sua sexualidade.

Ao explicar o nome escolhido para o livro Narciso de Férias, que deu origem a um documentário disponível no Globoplay, Caetano afirmou ter se inspirado em um livro de F. Scott Fitzgerald e uma das lembranças que guarda da ditadura. “Fiquei numa solitária. Depois de alguns dias sem ninguém falar comigo, deitado no chão, houve uma espécie de apagamento do meu reconhecimento de mim mesmo. Senti que Narciso estava, de fato, em férias”, contou.

Preso 54 dias por ser considerado um artista “subversivo e desvirilizante”, ele revelou outro efeito do encarceramento: o apagamento da atração por outros homens. “O espaço muito masculino da prisão militar causou outro apagão no Narciso aqui, que foi da atração sexual e sentimental por homens. Fiquei com uma rejeição sexual em relação à figura dos homens, que eu não tinha”, recordou.

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Cartaz de Narciso em Férias, onde Caetano Veloso aparece em foto rara preso
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Em Narciso em Férias, Caetano Veloso narra sua prisão durante a ditadura militar

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Cartaz de Narciso em Férias, onde Caetano Veloso aparece em foto rara preso

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Ele ainda explicou porque recusou o rótulo de bissexual na juventude. “Muitas pessoas que eu conhecia usavam essa expressão ‘bissexual’ para efeitos muito inautênticos. Então eu dizia: ‘também não quero esse [termo]’.

A mesa com Caetano e Preciato foi gravada na semana passada e contou com a mediação do jornalista mexicano Ángel Gurría-Quintana. Durante o bate-papo, o filófofo espanhol associou temas como masculinidade, violência e avanço e culturas fascistas.

“A masculinidade soberana se define pelo uso legítimo da violência. A história da modernidade colonial é também uma história do patriarcado, que fabricou corpos soberanos ao lhes conceder o monopólio legítimo dessa violência. E esse corpo soberano é um corpo masculino e branco, que tem o poder de ferir e matar outros corpos subalternos”, analisou.

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