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Músico Gilberto Gil toma posse na ABL: “É preciso resistir sempre”

Cantor e compositor assumiu, na noite dessa sexta-feira (9/4), a cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL)

atualizado

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Cantor e compositor Gilberto Gil vestido com a a tradicional roupa da Academia Brasileira de Letras (ABL)
1 de 1 Cantor e compositor Gilberto Gil vestido com a a tradicional roupa da Academia Brasileira de Letras (ABL) - Foto: Reprodução/YouTube

O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil foi empossado, na noite dessa sexta-feira (9/4), como novo ocupante da cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo ao jornalista e advogado Murilo Melo Filho.

Em seu discurso de posse, Gil disse que, entre as tantas honrarias que a vida lhe proporcionou, entrar na ABL tem dimensão especial. “Não só porque a ABL é a casa de Machado de Assis, escritor universal, afrodescendente como eu, mas também porque a ABL representa a instância maior, que legitima e consagra, de forma perene, a atividade de um escritor ou criador de cultura em nosso país. Sou filho de uma professora primária e um médico. A eles devo o meu amor às letras e música. A imagem dos meus pais está comigo nessa noite e sua memória para mim é uma benção”, afirmou.

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Vida longa, Gilberto Gil!

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Assista à posse de Gilberto Gil na ABL:

Em outro trecho, Gil citou alegrias e perdas ao longo da vida: “Tive grandes êxitos e alegrias nesta vida, mas também muitas tristezas, a maior e mais dolorosa, a perda do meu filho Pedro Gil. Mas não desanimo e é preciso resistir sempre. Apesar dos tempos politicamente sombrios que vivemos aposto na esperança contra a treva física e moral. Que haja ao menos a chama de uma vela até chegarmos a toda a luz do luar”.

Apesar de dizer que não cantaria, Gil cantarolou os versos de Luar, música de autoria do baiano: “Se a noite inventa a escuridão, a luz inventa o luar. O olho da vida inventa a visão, doce clarão sobre o mar”.

Eleição

Eleito com 21 votos em 4 de novembro do ano passado, Gilberto Gil vai estreitar os laços da Academia com a música e a cultura popular brasileira. O baiano Gilberto Passos Gil Moreira nasceu em 26 de junho de 1942, em Salvador, sendo filho primogênito do médico José Gil Moreira e da professora primária Claudina Passos Gil Moreira.

Embaixador da Boa Vontade da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e nomeado Artista da Paz pela agência da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Gil lançou mais de 50 álbuns que mesclam influências do rock, de gêneros tipicamente brasileiros, de música africana, funk, música disco e reggae.

Tropicália

Gil foi um dos criadores do Movimento Tropicalista nos anos de 1960, ao lado de Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé, e é autor de músicas consagradas, como Procissão, Domingo no Parque e Aquele Abraço. Com Domingo no Parque, que ele cantou com os Mutantes, no 3º Festival da Música Popular Brasileira, em 1967, obteve o segundo lugar. O festival foi o ponto de partida para o Tropicalismo.

O Movimento Tropicalista, entretanto, foi considerado subversivo pela ditadura militar, e Gilberto Gil foi preso, assim como Caetano Veloso. Em 1969, Gil e Caetano exilaram-se na Inglaterra. Nesse mesmo ano, lançou o disco Gilberto Gil, com a música Aquele Abraço, última música que gravou no Brasil, um dia antes de partir para a Europa.

No início de 1972, Gilberto Gil voltou do exílio e, em 1976, ao lado de Caetano, Gal e Bethânia, formou o conjunto Doces Bárbaros, que rendeu um álbum e turnês pelo país. Em 1978, apresentou-se no Festival de Montreux, na Suíça. Nesse mesmo ano, ganhou o Grammy de Melhor Álbum de World Music com “Quanta Gente Veio Ver”.

Livros

Pai de oito filhos, Gil tem quatro obras literárias assinadas: O poético e o político e outros escritos, de 1988, com Antonio Risério; Gilberto bem perto, de 2013, com Regina Zappa; Cultura pela Palavra, de 2013, com Juca Ferreira; e Disposições amoráveis, de 2016, com Ana de Oliveira.

Com informações da Agência Brasil

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