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Mercado editorial brasileiro fechou 2017 com queda no faturamento

Considerando a inflação, recuo chegou a 4,76%. Dados são da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro

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Em 2017, o mercado editorial brasileiro viu seu faturamento cair 1,95%, um decréscimo real de 4,76% considerando a inflação, em relação ao ano anterior. Os dados são da Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro ano-base 2017, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a pedido da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel).

No ano passado, as editoras brasileiras produziram 393,3 milhões de exemplares, venderam 355 milhões e faturaram R$ 5,17 bilhões.

Os dados se referem apenas a livros físicos – os digitais têm sua própria pesquisa, o Censo do Livro Digital, apresentado pela primeira vez em agosto de 2017. A pesquisa das obras digitais não será feita neste ano.

A queda no faturamento, segundo as instituições, é resultado do desempenho negativo de dois subsetores: o de didáticos, que apresentou decréscimo no faturamento total (mercado mais governo) de 7,79% (em termos reais a queda é de 10,43%) e do desempenho do subsetor de CTP (científicos, técnicos e profissionais) que, apesar de contabilizar um crescimento nominal de 1,51%, mais uma vez teve resultado negativo em termos reais (-1,39%).

No período de 2015-2017 o subsetor de CTP (muito relacionado ao ensino superior) é aquele com pior desempenho, com uma queda real acumulada de 17%.

Por outro lado, os subsetores de obras gerais e religiosos tiveram resultado positivo. Apresentaram crescimento nominal no faturamento total (mercado mais governo) de 6,83% (3,77% real) e 4,61% (1,61% real), respectivamente.

Em 2016, a queda real no faturamento foi de 5,2% – a série histórica divulgada na ocasião mostrava um encolhimento de 17,08% no mercado desde 2006.

A pesquisa indica que foram editados 48.880 títulos em 2017, dos quais 16,1 mil correspondem a lançamentos. O total de títulos (ISBN) teve queda de 5,67%.

As biografias, por outro lado, tiveram um crescimento de 11,14% no número de exemplares vendidos em comparação ao ano passado, o que corresponde a 5,71 milhões de livros no total.

As livrarias seguem como principal canal de vendas das editoras ao mercado, com 118,09 milhões de exemplares vendidos, ou 53,11% do total comercializado. As livrarias exclusivamente virtuais (como a Amazon) têm participação de 2,91% do total – um crescimento de 17,77% em relação ao ano anterior.

As distribuidoras responderam por 35,75 milhões de livros (16,08% do mercado). O segmento porta-a-porta representou 7,94% do mercado, com 17,66 milhões de livros.

Segundo o estudo, a venda em igrejas, templos, supermercados e escolas, e compras por empresas, também têm relevância.

O estudo ouviu 202 editoras do Brasil, sendo 187 emparelhadas ao ano anterior, o que representa 69% do setor editorial em faturamento. A Pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro é uma estimativa da performance do setor elaborada a partir de dados dessa amostra de editoras.

Apresentação
A apresentação da pesquisa ocorreu nesta quarta-feira (2/5), no Unibes Cultural, em São Paulo. “Essas são as informações mais completas do mercado editorial brasileiro”, disse o presidente do Snel, Marcos da Veiga Pereira. Sobre os resultados, ele admitiu que o setor esperava números mais positivos.

“Mas depois do desastre de 2015 e 2016, quando o PIB também caiu, 2017 representa uma mudança na tendência de queda”, afirmou.

O presidente da CBL, Luís Antônio Torelli, comparou a situação do setor editorial com a de outras áreas. “Estamos na marca de um dígito [de queda], uma situação até privilegiada”, comentou.

Sobre as vendas do setor ao governo, Pereira disse estar havendo uma conversa positiva das entidades com o Ministério da Educação e com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

“O novo modelo do edital incorpora literatura ao programa de livro didático, o que é uma vantagem porque esse programa é recorrente, com foco no uso do livro, e o aluno tem posse, cria intimidade”, disse. “O diálogo com o FNDE e o MEC é muito positivo, inclusive para mudanças no edital.”

Em relação à decisão das entidades de não realizar um novo Censo do Livro Digital em 2018, Pereira justificou que dadas as restrições do tamanho do mercado, é possível esperar outros dois ou três anos para uma nova pesquisa.

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