María Kodama, viúva de Jorge Luis Borges, sobre Brasília: “Fascinante”
Em conversa com o Metrópoles, a professora afirmou que foi um presente conhecer o Lago Paranoá
atualizado
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Em 1975, o escritor argentino Jorges Luis Borges e sua esposa, María Kodama, passaram por São Paulo (SP) em viagem ao redor do mundo. A experiência pela capital paulista não foi notada no livro “Atlas” (1984), em que textos poéticos de Borges e fotos de sua mulher apontam as impressões do casal sobre as terras estrangeiras. Porém, passados 41 anos, ela voltou ao Brasil e esteve em Brasília.
Em sua visita de quatro dias pela capital, Kodama abriu espaço na agenda para uma conversa com o Metrópoles. No papo, ela revelou que Brasília é realmente “fascinante”.
Dona de uma voz baixa e tímida, suas poucas palavras não revelam a importância dela para a literatura latino-americana. Além de presidir a Fundação Jorge Luis Borges, que visa difundir a obra do escritor argentino mundo afora, traduziu diversas obras do islandês e do inglês para o espanhol, trazendo autores estrangeiros para a América Latina. Atualmente, dá aula de literatura argentina na Universidade de Buenos Aires.Eu amo água. Conhecer o Lago Paranoá foi realmente um presente para mim. A água brilha aqui como em nenhum outro lugar.
María Kodama
Literatura
Em sua palestra na Universidade de Brasília (UnB), que abriu o evento Grandes da Literatura Latino-Americana, ela trouxe à tona o tema “O Outro”, bastante abordado pelo escritor argentino em sua obra literária. Ao ser questionada sobre o evento, que lotou o auditório no Memorial Darcy Ribeiro, ela confessou ter ficado emocionada. “Não sabia que os brasileiros tinham tanto carinho pelos livros de Borges”, comenta.
“No passado, sua obra não tinha tanto reconhecimento. Hoje vejo seu nome entre os maiores da literatura mundial”, conta. De fato, o autor foi esquecido por grandes prêmios internacionais, como o Nobel de Literatura, porém, atualmente, seus livros são extensamente traduzidos e publicados na Europa e na Ásia.
O tema também trouxe à tona a relação de Kodama com Borges. Ela insiste em dizer que o escritor agora está em “Gran Mar” (grande mar) e que suas obras o aproximam dela. “Estou com ele o tempo todo. Reler seus livros é encontrar milhares de segredos que ele nunca havia me revelado. Meu amor se renova a cada leitura”.