Leo, ex-dupla com Victor, divide música com palestras e livros
O cantor conversou com o Metrópoles na última sexta (06/12/2019), durante lançamento de A Grande Arte de Se Reinventar, no Pier 21
atualizado
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Em 2018, após 27 anos de estrada com a dupla Victor & Léo – pelo menos 10 desses no topo do mercado fonográfico brasileiro–, Leo precisou apostar em novos talentos e redefinir seus sonhos. O resultado dessa revolução pessoal é descrito por ele em A Grande Arte de Se Reinventar – As 7 Habilidades Que Podem Mudar Sua Vida, segunda investida literária do cantor sertanejo, lançada em Brasília na última sexta-feira (06/12/2019), na Livraria Leitura do Shopping Pier 21.
Com prefácio escrito pelo historiador Leandro Karnal, o título é um autoajuda clássico, com dicas e ensinamentos que prometem tirar qualquer um do marasmo. “As pessoas têm muito preconceito com esse gênero, mas se você colocar em prática, diariamente, ninguém te segura”, garante o escritor. Segundo Leo, a prova da eficácia das sete ações propostas por ele no livro é a própria vida. “É autobiográfico sim. Tudo que eu falo aqui eu já experimentei e vivo”, explica.
Recomeço
Diferente das especulações que ligam o fim da dupla às polêmicas em torno de Victor (acusado de agressão pela esposa em 2017), de acordo com Leo, o desejo de mudança é reflexo de um incômodo interno somado à vontade de viver novos desafios. “Percebi que havia sentado na poltrona do conforto, estacionado meu carro nas minhas conquistas como cantor e compositor. Quando novo, mirei num lugar e cheguei nele. Eu e meu irmão fomos top 1 do Brasil e isso talvez tenha me colocado no automático”, considera.
Desde então, Leo mergulhou no mundo literário, conheceu e se deixou influenciar por escritores como Stephen F. Cohen, John C. Maxwell e Daniel Golemann e adquiriu o hábito da escrita diária. Além de voltar seus estudos para os campos da inteligência emocional, gestão da emoção, filosofia, educação familiar e escolar, coach e pedagogia. “Aprendi a traduzir essas informações para o meu dia a dia e transformá-las em conhecimento de fato. Isso resultou no meu primeiro livro, No Colo dos Anjos, uma ficção”, conta.
A faceta de palestrante surgiu simultânea à de escritor, mas com um obstáculo a mais a ser vencido: a timidez. “Mesmo cantando para milhares de pessoas, eu era muito tímido. Falar em público é muito diferente de cantar. No começo eu treinava na frente do espelho, até me acostumar. Mas hoje isso já está superado”, afirma.
Turnê Identidades
Em novembro deste ano, Leo iniciou a turnê Identidades, a primeira da carreira solo. “O meu grande desafio é reinventar a minha marca artística, a minha imagem. Então estou buscando novas referências, novas influências musicais, estou fazendo um laboratório intenso em estúdio com cantores, produtores, testando arranjos diferentes”, pontua.
“Recomeçar é bem mais difícil que começar. Tive de lidar com muitos monstros. No início você está com o tanque cheio de combustível, depois você tem que encher o tanque de novo e isso requer muito esforço”, analisa Leo.
Para ele, subir sozinho no palco gera dúvidas. “Foram 27 anos ao lado do meu irmão e é natural, pelo histórico memorial e vínculo que tenho com ele e com os fãs da dupla, que eu sinta medo. Às vezes vem na minha cabeça: ‘Será que vai dar certo?’, mas aí eu penso que esse receio, esse frio na barriga, também é um motor”, salienta.
O músico conta, ainda, que a decisão de voltar para o show business não foi fácil. “Fiquei um ano parado e resolvi arriscar, de uma forma diferente, com a minha digital. Mesmo que eu quebre a cara, prefiro tentar”, completa.
Ao analisar os números, as incertezas acerca da nova fase musical parecem infundadas. Só o videoclipe de Wi-Fi do Vizinho, single lançado há duas semanas, ultrapassa 1,5 milhão de visualizações no YouTube. A romântica Sol das Seis, com a funkeira Ludmilla, está no mesmo caminho.
Para 2020, Leo promete um novo livro de ficção, que, segundo ele, já está esboçado. “Eu já tenho a história. É um livro que vai tratar de questões sociais muito fortes”. Além do livro, promete investir mais intensamente na música. “Tenho muitas canções já produzidas e vou lançando aos poucos”, conclui.