Intelectuais e amigos lamentam a morte de Antonio Candido
O escritor estava internado no Hospital Alberto Einstein, em São Paulo, com problemas no intestino, de acordo com a escritora Edla Van Steen
atualizado
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Intelectuais e amigos do crítico literário e sociólogo Antonio Candido lamentaram a morte dele, aos 98 anos, na madrugada desta sexta-feira (12/5). O escritor estava internado no Hospital Alberto Einstein, em São Paulo, com problemas no intestino, de acordo com a escritora Edla Van Steen.
Dono de uma das obras mais fundamentais da intelectualidade brasileira, é autor de livros fundamentais como “Introdução ao Método Crítico de Silvio Romero” (1944), “Formação da Literatura Brasileira” (1959), “Literatura e Sociedade” (1965), entre muitos outros, Candido formou uma maneira de pensar a literatura brasileira que influenciou toda a crítica literária do país desde então.
Confira a repercussão da morte de Candido:Adauto Novaes, filósofo
“Estava muito lúcido, era incrível. A gente conversava sempre. De repente isso aconteceu. A gente perdeu mais do que um amigo, mas o espírito de um tempo. Ele atravessou vários momentos da história, mesmo os sombrios, sem perder nenhum sentido dos valores, de todo o julgamento das coisas. Era de uma sutileza incrível. A dificuldade das coisas que ele escrevia estava nessa simplicidade. Discutia tudo o que estava acontecendo no País. Nunca perdia o fio da história. Ele seguiu o curso do tempo, em todos os momentos do pensamento”.
Domício Proença Filho, presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL)
“A Academia sempre quis que ele fosse candidato, sempre teve o maior empenho. Ele não aceitava por temperamento. Era um homem que não gostava muito dos holofotes. Não poderia se dedicar como gostaria, morando em São Paulo, e com as múltiplas atividades que tinha. Ele sempre se recusou, com muita delicadeza. Era uma liderança intelectual. Era um dos nossos maiores críticos, dos mais representativos estudiosos da literatura brasileira. É um marco na crítica brasileira. Não fui aluno dele, mas foi meu mestre através dos livros. Estava muito lúcido e atuante, preocupado com o que está acontecendo na literatura e na cultura. Era interessado na vida do Brasil. Uma liderança intelectual, uma das pessoas que pensam o país”.