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Gabriela Prioli sobre o Brasil: “Quão democrática é a nossa democracia?”

Advogada, professora e apresentadora da CNN Brasil, Gabriela Prioli lança o livro Política é Para Todos, pela Cia. das Letras

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Gabriela Prioli
1 de 1 Gabriela Prioli - Foto: Instagram/Divulgação

Advogada criminalista, professora universitária, comentarista política, Gabriela Prioli tornou-se uma das principais vozes no debate público brasileiro. Com linguagem simples, ela tem debatidos as inúmeras crises e conflitos da democracia brasileira. Essa prática, agora, surge me forma de livro, o Política é Para Todos (2021), lançado pela Companhia das Letras.

O nome do livro traz, em certa medida, duas mensagens. Uma, é que todos são capazes de entender os meandros da política. A outra, mais imporante, aborda a ampliação do conhecimento e da compreensão do funcionamento do Estado. “Sempre digo que quero que as pessoas sejam críticas, autônomas. Que ampliem o próprio repertório para formar a própria visão de mundo e defender aquilo que, de fato, enxerguem como seu interesse”, explica Gabriela Prioli, em entrevista ao Metrópoles.

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Gabriela Prioli e Thiago Mansur

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Com dois milhões de seguidores no Instagram e um milhão no Twitter, além da audiência como apresentadora da CNN Brasil, Prioli se tornou uma das principais comunicadoras políticas do país – em um momento no qual as questões do estado obedecem à polarização e à vigilância das redes sociais. A advogada, então, virou uma celebridade neste universo e tem usado a fama para defender temas que são caros para ela e ganham destaque no livro. Termos como democracia e Estado Democrático de Direito.

Mesmo que soem como abstrações, tanto no livro quanto nas redes, Prioli consegue se comunicar de forma clara e eficaz sobre os temas. Como fazer para navegar tão bem nessa área? “Prestando atenção em quem me escuta. Eu falo para ser compreendida, não pra me exibir de qualquer maneira. Se eu quero que me entendam, preciso entender com quem eu falo e adaptar o meu discurso”, responde a autora.

Brasil atual

Em meio a um cenário político conturbado, com crise entre poderes, ataques às urnas eletrônicas e uma CPI sobre a Covid-19, Gabriela Prioli não enxerga “instabilidade” na democracia brasileira. No entanto, ela não vê essa estabilidade como algo essencialmente positivo.

“A minha avaliação é que ela [democracia] segue estável, mas não necessariamente por bons motivos. Me parece que os ataques, constantes, não serão mais do que ataques porque manter a nossa democracia como ela é, na prática, interessa mais a quem está no poder. Por que trocar o que tem funcionado por um regime autoritário controlado por um líder volúvel que não hesita em trair seus companheiros quando eles deixam de ser interessantes?”, avalia Prioli. “Isso nos mostra, portanto, que o problema é ainda mais grave: o desafio é não só manter a democracia, mas aprimora-la. Quão democrática é a nossa democracia?”, questiona.

Para Prioli, as falhas no sistema têm levado a uma incompreensão da política, o que ela pretende ajudar a resolver com sua obra.

“Simplificar as coisas complexas ajuda a aglutinar pessoas que não sabem muito bem sobre o que falam. E esse novo populismo antidemocrático de direita ataca a liberdade falando em liberdade e acaba encontrando acolhida em parte de um público que é crítico ou distante daquilo que a democracia liberal acabou se tornando na prática. Em vez de aprimorar a democracia, caem no conto daqueles que a atacam. A partir dessa generalização, engrandeço aquilo que apresento como ameaça e justifico a resistência ou o ataque. Mas isso não acontece só com a esquerda. Há muita generalização sobre a direita também. Como se não houvesse direita democrática”, analisa Prioli.

Ataques

Justamente por ter tanta visibilidade, a analista acaba sofrendo ataques, porém, ela garante, a repercussão positiva é maior que a negativa.

“Sou muito mais alvo de amor do que que ódio. Insisto em pontuar isso. É natural darmos mais atenção pra aquilo que nós ameaça, mas é importante avaliarmos racional e quantitativamente se a nossa impressão reflete a realidade. No meu caso, é mais bem do que mal. Muito mais”, fala Prioli.

O fato de ser mulher amplia a dificuldade porque parte do mundo ainda não está preparada para mulheres fortes, assertivas e independentes. Por vezes, acho que a minha independência incomoda mais do que o assunto sobre o qual eu falo. É difícil, mas eu me motivo na dificuldade. Tive mulheres que me antecederam e abriram meus caminhos. E me vejo abrindo caminhos pra outras mulheres que vem aí. Sinto por quem se incomoda, porque devo avisar que o motivo do incômodo não vai cessar. Que se acostumem ou se aprimorem”, conclui.

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