Escritor Philip Roth morre aos 85 anos
Autor era conhecido por seus personagens judeus e assinou clássicos da literatura universal, como O Complexo de Portnoy e Pastoral Americana
atualizado
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O escritor norte-americano Philip Roth morreu nessa terça-feira (22/5), aos 85 anos, em Manhattan. Segundo seu agente, Andrew Wylie, a causa do falecimento foi insuficiência cardíaca. Ele assinou dezenas de coletâneas de contos, ensaios e romances conceituados, como O Complexo de Portnoy (1969) e Pastoral Americana (1997), vencedor do Pulitzer.
Em 2011, ganhou o conceituado Man Booker International Prize pela carreira. Seus trabalhos são publicados no Brasil pela editora Companhia das Letras.Criador de personagens judeus marcantes, como o alter-ego Nathan Zuckerman, o autor foi um dos mais importantes da literatura universal na segunda metade do século 20. Nascido em Newark, Nova Jersey, Roth era filho de um vendedor de seguros. Seus pais foram os primeiros americanos de uma família de linhagem judaica.
Carreira
Desde jovem, Roth sempre foi um homem de letras. Graduou-se em inglês na Universidade de Bucknell, na Pensilvânia, e fez mestrado na Universidade de Chicago, em 1955. Deu aulas de escrita criativa em Iowa e Princeton antes de seguir carreira como professor de literatura comparada na Pensilvânia – exerceu a função até 1991.
Em meio às atividades da docência, escreveu crítica de cinema para a The New Republic e os primeiros trabalhos autorais. Estreou com a reunião de contos Adeus, Columbus (1959). Venceu seis vezes o National Book Award. O primeiro prêmio foi por Columbus.
A escrita de Roth ganhou mais popularidade a partir do ousado monólogo O Complexo de Portnoy (1969), no qual narra a sexualidade solitária de um judeu frustrado. Com estilo vibrante, tão direto quanto bem-humorado, o autor aos poucos elaborou personagens capazes de canalizar as angústias dos judeus e articular diversas facetas (herança familiar, memória, morte, legado da arte e tragédias pessoais) da experiência humana.
Os personagens do escritor dividem-se em pelo menos cinco eixos. O mais longo e conhecido deles envolve Nathan Zuckerman, o paranoico e atormentado autor judeu sempre às voltas com família, relacionamentos frustrados e repercussões de sua obra. Ele protagoniza nove obras, como O Avesso da Vida (1986), Pastoral Americana (1997), adaptado recentemente em filme de Ewan McGregor, Casei Com um Comunista (1998) e A Marca Humana (2000).
O próprio Roth colocou-se várias vezes nos livros, como em Patrimônio (1991), memória sobre seu pai e a luta dele contra um tumor no cérebro inoperável, e Complô Contra a América (2004). David Kepesh, professor de literatura, foi tema de três livros – sendo O Animal Agonizante (2001) o encerramento da trilogia.
Roth encerrou a carreira como romancista nos quatro livros da série Nêmesis. No último deles, um homônimo publicado em 2010, explora uma epidemia de pólio que afeta a população de Newark, sobretudo as crianças.
Além dos quatro blocos já citados, o autor assinou obras “avulsas”, sem conexão direta entre personagens, como Portnoy e o provocativo O Teatro de Sabbath (1995).
Ateu, Roth descrevia-se como antirreligioso. Foi casado duas vezes, com Margaret Martinson Williams (1959-1963) e Claire Bloom (1990-1995), e não teve filhos.