Em conversa com o Metrópoles nesta segunda-feira (12/12), Ulisses comentou sobre os dois que investigou a vida da assassina, e revelou como surgiu a ideia para a produção de suas obras. A trilogia Mulheres Assassinas começa com Suzane: Assassina e Manipuladora, seguido por Elize Matsunaga: A Mulher que Esquartejou o Marido.
Na obra sobre Flordelis, Campbell aborda religião, crimes sexuais, roubos de crianças, magia e demais acontecimentos que fazem parte da trajetória de vida da pastora.
“Eu nunca pensei em fazer uma trilogia. Eu fiz o da Suzane porque trabalhava na [revista] Veja, e fiz uma matéria sobre a primeira saída [da cadeia] da Suzane. Meu chefe falou: ‘Olha, eu quero que tu me diga o que a Suzane faz fora da cadeia’. Durante a pesquisa para essa reportagem, eu vi que tinha um material que caberia em um espaço muito maior do que um revista”, iniciou o jornalista.
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Em 2019, o assassinato do pastor Anderson do Carmo de Souza revelou a existência de um esquema criminoso dentro da estrutura familiar da ex-deputada federal Flordelis. À época, a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) deflagrou uma operação que apontou ao menos 10 pessoas envolvidas na morte do religioso
Igor Estrela/Metrópoles
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Após as investigações, a pastora Flordelis (PSD-RJ) foi indiciada como a mandante do crime. Contudo, devido ao foro privilegiado que tinha, ela não pôde ser presa em um primeiro momento. Os filhos do casal, no entanto, não tinham o mesmo privilégio, o que fez com que sete deles fossem presos suspeitos de participação no assassinato
Igo Estrela/Metrópoles
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Flordelis, na verdade, é mãe de 51 filhos adotivos e quatro biológicos. Pastora e cantora gospel, ela foi a deputada federal do RJ mais votada e teve a história de vida contada em um filme estrelado por Bruna Marquezine, Reynaldo Gianecchini, Rodrigo Hilbert e Deborah Secco
Facebook/Reprodução
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Em 1994, a cantora adotou 37 crianças sobreviventes da Chacina da Candelária. Junto com outros filhos que já tinha, fundou o ministério Flordelis. Dentre esses filhos, estava o pastor Anderson do Carmo, que, inclusive, também chegou a se envolver com Simone, filha biológica da pastora, antes de se casar com Flordelis
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Quando oficializaram a união, Anderson tinha 17 anos. Flordelis, 33. Segundo o relato de uma testemunha, que afirma ter morado na casa com os envolvidos no crime, tanto a ex-deputada quanto o pastor tinham relações sexuais com os filhos
redes sociais/ reprodução
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O assassinato de Arderson do Carmo de Souza, ocorrido na madrugada de 16 de junho, foi apontado por Flordelis, em uma primeira ocasião, como latrocínio. Contudo, segundo a polícia, a câmara de segurança da residência não apontou a presença de nenhum desconhecido na casa
Agência Brasil
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Outro ponto que chamou atenção durante as investigações foi o celular da vítima, que não foi encontrado no local do crime. Flordelis sustentou que o aparelho havia desaparecido, mas, tempos depois, agentes conseguiram traçar caminho percorrido pelo aparelho por conta dos dados de telefonia
Reprodução
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Informações coletadas apontaram que o telefone de Anderson havia sido conectado ao wi-fi da casa de um senador, logo após o crime, e, tempos depois, foi ligado novamente em Brasília. A assessoria da Flordelis informou, à época, que não comentaria a investigação. O celular nunca foi encontrado
Reprodução
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Já no celular de Flordelis foi identificada uma troca de mensagens entre a ex-deputada e filhos dela com a informação de que a morte de Anderson seria “a única saída”. “Fazer o quê? Separar dele não posso, porque senão ia escandalizar o nome de Deus”, escreveu a mulher
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
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Segundo a Polícia Civil, foi constatado que Flordelis já havia tentado matar Anderson envenenado em diversas outras ocasiões, e o motivo seria o controle do dinheiro da igreja e de poder dentro da família
Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Após todas as revelações, o PSD, partido de Flordelis, suspendeu a filiação dela e, tempos depois, o Conselho de Ética da Câmara aprovou cassação da deputada. Hoje, ela está presa e responde por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada
Reprodução
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Durante o velório de Souza, um dos filhos biológicos da pastora, Flávio, foi preso como autor dos disparos. Tempos depois, Lucas, um dos filhos adotivos de Flordelis, também foi levado pela polícia suspeito de ter fornecido a arma a Flávio. Lucas negou participação no crime. Porém, os dois foram condenados pela Justiça
Adriana Cruz/Metrópoles
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Também foram condenados os filhos: Adriano dos Santos Rodrigues, por uso de documento falso e associação criminosa armada, e Carlos Ubiraci Francisco da Silva, o Neném, por associação criminosa. Carlos foi absolvido da acusação de homicídio
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São réus: André Luiz de Oliveira, por uso de documento falso e associação criminosa, Marzy Teixeira da Silva, por ter recebido dinheiro para pagar a morte do pastor, e Simone dos Santos Rodrigues, por ter pago pelo assassinato de Anderson. Além deles, Rayane dos Santos Oliveira, neta biológica de Flordelis e filha de Simone, por ter procurado pessoas para assassinar o pastor
Reprodução TV Globo
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Marcos Siqueira Costa e Andrea Santos Maia, que não têm parentesco com ninguém da família, mas que se envolveram no crime, foram condenados por uso de documento falso e associação criminosa armada
Reprodução TV Globo
“No dia do lançamento do livro, em São Paulo, o advogado da Elize, o Luciano Santoro, foi na noite de autógrafo. Ele perguntou: ‘E aí, quando vai ser com a minha cliente?’. Quando você tem esse acesso facilitado, você tem um meio caminho andado para a pesquisa”, completou ele, afirmando ainda que o livro sobre Flordelis veio “por acaso”:
“O crime da Flordelis tinha acabado de acontecer. Aí as pessoas começavam a sugerir a Flordelis. Uma foi puxando a outra pelo acaso.”
Relação entre as histórias
Ulisses ainda comentou sobre a relação entre os casos de Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga e Flordelis. Segundo o autor, a pastora condenada se parece com a assassina dos pais no poder de manipulação, enquanto sua semelhança com a responsável pela morte de Marcos Matsunaga seria a origem humilde.
“Elas têm coisas em comum. As três são assassinas, então estão na mesma caixinha. A Susane e a Flordelis tem em comum o poder de manipulação e a sedução. Elas não têm as mãos sujas de sangue, elas são mentoras intelectuais. Elas cooptaram pessoas para matarem as vítimas no lugar delas”, explica.
“A Elize Matsunaga, o que ela tem em comum com a Flordelis é a origem. Ambas têm origem humilde, muito pobres. A Elize se destaca porque ela resolveu ter a mão na massa. Ela fez tudo sozinha, ela matou, esquartejou [o marido]. A Elise é solitária no crime. A Elize é mais dissimulada”, finaliza.
Sessão de autógrafos com Ulisses Campbell
Flordelis: A Pastora do Diabo será lançado em Brasília nesta segunda-feira (12/12), às 18h30, na livraria Saraiva (Brasília Shopping).