Em novo livro de poesia, Nicolas Behr se faz de criança para enxergar Brasília
Nesta terça (15/12), no Objeto Encontrado, o poeta lança “descadernobrasília”, um moleskine para se ler e também escrever
atualizado
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Nicolas Behr enxerga Brasília como uma folha em branco. Ainda há muito a ser escrito. E ele bem que vem tentando preencher esse vazio. Com voracidade notável, vem tentando dar conta desta cidade cinza e verde em todos os seus tons e matizes. Assim, a mais nova aventura literária do poeta atende por “descadernobrasília”.
O volume será lançado nesta terça-feira (15/12), no café Objeto Encontrado, a partir das 18h. E Nicolas Behr, sempre atencioso com seu leitor, terá um bocado de espaço para escrever e desenhar seus autógrafos esta noite. “descadernobrasília”, afinal, é um moleskine de 160 páginas de papel pólen soft, sem pauta, com capa dura, ideal para anotações e desenhos.
Ao longo do caderninho, no alto das páginas ímpares e lá embaixo no rodapé, apenas duas linhas de texto. Uma dinâmica de pergunta e resposta, trazendo um tema e na sequência uma sacada de Behr. Todo o resto está em branco, como um moleskine normal. “O poeta quer ser útil e este é meu primeiro livro de poesias que tem uma utilidade prática: risque, rabisque e arrisque poemas”, convida Nicolas Behr.
Editado pelo poeta em parceria com o estúdio de criação Boibumbá Design, “descadernobrasília” tem uma tiragem de 1.500 exemplares. Custa R$ 69,00. Para a noite de lançamento, recebe preço promocional: R$ 60,00.
Obsessão e espontaneidade
Esse trabalho nasceu de uma leitura fortuita. Nicolas Behr conta ter ganhado de amigos colombianos o livro “Casa das Estrelas”, de Javier Naranjo, conterrâneo deles. Professor do ensino primário, Naranjo desaguou ali anos e anos de espirituosas respostas que ouviu de seus alunos. Lá pelas tantas, seu título se abre poeticamente. “O que é o universo? É a casa das estrelas.”
O que uma criança falaria sobre temas brasilienses?, empolgou-se Nicolas Behr. “A criança não tem ego, não tem autocrítica, não está contaminada pelo racional e tem uma liberdade invejável. Ela é tudo que um poeta pode querer.”
Não é a primeira vez, aliás, que o marmanjo Nicolas Behr corteja o espírito infantil. Embora essa não seja a sua vertente mais prolífica, ele já escreveu livros para crianças como “Menino Diamantino” (2003) e “A Lenda do Menino Lambari” (2012). Desta feita, no entanto, vale notar que a pegada é bem outra. Pois “descadernobrasília” pode ser lido por crianças, mas não se trata exatamente de um livro para elas.
Temas recorrentes da cidade que o poeta já rebatizou de Braxília reaparecem ao longo de “descadernobrasília”. O autor calcula ter chegado a escrever 200 poemetos, ao longo de um ano e meio de trabalho intenso. “É preciso ser compulsivo obsessivo para parecer espontâneo.”
Para a versão final do caderninho, entraram 80 poemas, todos eles de tiro curto, curtíssimo. Apenas duas frases: primeiro o tema, escrito em caixa alta, e uma sacada logo de imediato. Assim…
FLORES SECAS DA CATEDRAL
vou lá molhar
NIEMEYER
pensei que fosse neymar
DRAGÕES DA INDEPENDÊNCIA
os cavalos nem soltam fogo
CONHEÇA BRASÍLIA EM TRÊS DIAS
já posso ir embora?
Pressionado, Nicolas Behr confessa que, aqui e ali, algumas dessas frases de efeito foram adaptadas de diálogos originais vindos de crianças de verdade. E uma delas, em especial, ele orgulhosamente atribui a seu filho, quando o garoto tinha quatro ou cinco anos de idade, e certa feita se viu surpreendido por uma convidada inesperada em sua própria festa de aniversário.
ANIVERSÁRIO NO SALÃO DO BLOCO
quem foi que convidou a professora?!
Terça (15/12), às 18h, no Objeto Encontrado (102 Norte, Bloco B, Loja 56, 3081-8383).