Dia da Consciência Negra: quatro livros sobre o racismo no Brasil
Autores negros como Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo deixaram obras que se tornaram clássicos do mercado literário brasileiro
atualizado
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Nesta quarta-feira (20/11/2019), celebra-se o Dia Nacional da Consciência Negra. Mais que uma comemoração, a data serve para reverenciar a memória de homens e mulheres que lutaram, e, ainda lutam, contra os reflexos do racismo estrutural no Brasil.
Ao longo dos anos, escritores são responsáveis por denunciar o preconceito e a opressão da qual o povo negro é vítima. De Quarto de Despejo – Diário de Uma Favelada, de Carolina Maria de Jesus, ao texto contemporâneo Quem Tem Medo do Feminismo Negro, de Djamila Ribeiro, os livros são ferramentas valiosas no combate ao racismo.
Pensando nisso, o Metrópoles listou quatro títulos literários cruciais para entender melhor os pleitos e o porquê da importância da militância por igualdade racial no Brasil. Confira:
Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus era uma mulher anônima até o lançamento de Quarto de Despejo — Diário de uma Favelada, em agosto de 1960. Moradora da favela do Canindé, Zona Norte de São Paulo, Carolina era catadora de material reciclável. Nas horas vagas, registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava entre o lixo que recolhia. Dos textos despretensiosos surgiu o primeiro livro, sucesso, em especial, pelo olhar original, de dentro para fora, sobre o dia a dia do morro. O trabalho virou best-seller, foi vendida em 40 países e traduzida para 16 idiomas. Três anos depois, publicou Provérbios e o romance Pedaços de Fome.
Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo
A obra Ponciá Vicêncio é o primeiro romance de Conceição Evaristo. O livro narra a trajetória de Ponciá Vicêncio, uma mulher negra, desde sua infância até a idade adulta. Ponciá mora com a mãe, no interior do Brasil, onde vive numa população de descendentes de escravos. O texto aborda temas como a discriminação de raça, gênero e classe. Romancista, poeta e contista, Conceição Evaristo é um grande expoente da literatura contemporânea, vencedora do Prêmio Jabuti 2015.
Quem tem Medo do Feminismo Negro?, de Djamila Ribeiro
Em Quem Tem Medo do Feminismo Negro?, Djamila recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de silenciamento – processo de apagamento da personalidade, resultado da discriminação. A autora contemporânea mostra como o contato com autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison e Conceição Evaristo a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível. A narrativa reúne uma seleção de artigos publicados por Djamila no blog da revista Carta Capital, entre 2014 e 2017.
Na Minha Pele, Lázaro Ramos
Ainda que não seja uma biografia, em Na Minha Pele, Lázaro compartilha episódios íntimos de sua vida e também suas dúvidas, descobertas e conquistas. O autor fala sobre seu desejo de viver num mundo em que a pluralidade cultural, racial, étnica e social. O autor divide com o leitor suas reflexões sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação.