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Cinco motivos para ler o livro “Em Nome dos Pais”

Matheus Leitão conta a história da ditadura militar no Brasil a partir da tortura sofrida por seus pais, Marcelo Netto e Mirian Leitão

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Sérgio Lima/Divulgação
Matheus Leitão
1 de 1 Matheus Leitão - Foto: Sérgio Lima/Divulgação

Matheus Leitão ainda não era jornalista quando começou a se interessar pelo passado sombrio do regime militar. Aos 12 anos, escutou dos pais, Mirian Leitão e Marcelo Netto, os primeiros relatos sobre as perseguições da ditadura. As histórias fisgaram o adolescente e, anos mais tarde, serviram de motivação para o livro “Em Nome dos Pais”, que ele lança nesta terça-feira (16/5), às 19h, na Livraria Cultura do Iguatemi.

Na obra, Matheus revisita o passado dos pais, à época militantes estudantis filiados ao PCdoB, que foram presos e torturados nos porões dos quartéis. Apesar de toda a carga emocional, o jornalista buscou um relato sóbrio e histórico do processo. “Tentei ir atrás desse passado despido de questões ideológicas e certezas morais”, disse ao Metrópoles.

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Documentos referentes aos presos políticos Miriam Leitão e Marcelo Netto, arquivados no Superior Tribunal Militar (STM) referente ao período da ditadura militar. Foto: Sérgio Lima /SLIM
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Documentos referentes aos presos políticos Miriam Leitão e Marcelo Netto, arquivados no Superior Tribunal Militar (STM) referente ao período da ditadura militar. Foto: Sérgio Lima /SLIM

Divulgação
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Documentos referentes aos presos políticos Miriam Leitão e Marcelo Netto, arquivados no Superior Tribunal Militar (STM) referente ao período da ditadura militar. Foto: Sérgio Lima /SLIM

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“Em Nome dos Pais”, então, é um livro sobre o passado do Brasil, contado por um jornalista que, por sinal, é filho dos protagonistas. “Parto da história dos meus pais para entender como todos os participantes enxergam os eventos com o distanciamento do tempo”.

Confira cinco motivos que tornam a leitura da obra recomendada:

1. Self-Journalism
A objetividade é um elemento crucial do jornalismo moderno. Porém, há quem ouse desafiar os dogmas. Matheus segue essa linha e envereda pelo self-journalism. Em bom português, ele conta a história mesmo estando envolvido emocionalmente com o fatos. O repórter teve contato com essa teoria ao estudar em Berkeley, nos Estados Unidos.

Tive acesso a alguns documentos em 2004, mas me sentia desconfortável por conta do envolvimento emocional. Ao voltar dos EUA, comecei a me dedicar mais a essa apuração. Vi que não tinha problema [a relação com os pais], bastava ser claro quanto a isso

2. Um Brasil que se esconde
A partir de “Em Nome dos Pais”, Matheus crítica a forma como o Brasil lida com o próprio passado e reafirma uma série de excessos cometido no período. No processo de apuração, o jornalista teve que usar a Lei de Acesso à Informação para descobrir nomes e fatos mantidos em segredo pelos militares.

O Brasil lidou com esse passado diferentemente de alguns países vizinhos que foram mais fundo na investigação. Depois de 32 anos, os militares ainda conseguem vetar o acesso a diversas informações

3. Sentimentos cruzados
O jornalista, em certo momento, investigou a tortura sofrida pelos pais. Nesse processo, teve contato com um oficial que foi apontado como um dos responsáveis pelas agressões.

Fui atrás dele para dialogar, sem revanchismo. Mas toda a busca gerou sentimentos controversos. Fiquei com raiva, ansiedade, angústia. O amor de um filho pelos pais é muito grande

4. Cara a cara com o delator
Para escrever o livro, Matheus também ouviu o homem que delatou os pais dele para os militares. O jornalista sabia que o militante era uma peça fundamental no quebra-cabeça. Da busca, surgiu uma grande surpresa.

Sempre foram conversas difíceis. Mas no caminho descobri que o codinome do meu pai era Matheus. Meu nome veio desse passado de militância

5. Torturadores conhecidos
Por meio de documentos e processos guardados no Superior Tribunal Militar (STM), o repórter conseguiu desvendar e revelar o nome de dois torturadores de seus pais. As identidades são contadas no livro, entretanto, segundo o jornalista, sem que isso lhe provocasse um sentimento de vingança.

Todo o livro é feito na tentativa de compreender esse passado, entender como essas pessoas enxergavam aquilo que faziam

Arte/Metrópoles

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