Acompanhante de luxo e advogada lança livro sobre aventuras sexuais
Cláudia de Marchi concilia a função como jurista com a vida de cortesã há dois anos: histórias renderam publicação
atualizado
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Leitora ávida e entusiasta da escrita, a acompanhante de luxo Cláudia de Marchi realiza, pela segunda vez, o sonho de ser autora publicada. A gaúcha vai lançar, nesta quarta-feira (4/7), o livro De Encontros Sexuais a Crônicas: O Diário de uma Advogada e Acompanhante de Luxo Feminista. O evento acontecerá a partir das 19h, na Livraria Cultura do Casa Park.
Seu primeiro livro, Contra a Maré: Minha Vida em Crônicas e Crônicas da Vida, puxou o segundo. A publicação fala da trajetória de Cláudia no direito, sua área de atuação (agora) secundária, até a vida como cortesã. Nos momentos finais da produção, um editor pediu uma narrativa mais apimentada. “Eu falo sobre minha nova ocupação, mas queria algo que minha família pudesse ler. Não tenho vergonha do meu trabalho, mas desejava um primeiro livro mais suave”, lembra.A nova publicação é uma visita de Cláudia aos posts de seu blog, onde ela conta aventuras e desventuras com seus clientes – ou parceiros, como ela prefere chamar os homens que pagam R$ 650 por hora para ter sua companhia. O preço para “apenas conversar” é maior: R$ 1 mil a hora. Segundo Cláudia, o valor é mesmo para espantar quem quer usá-la como psicóloga.
“Qualquer pessoa conhecedora da mentalidade humana sabe: sexo é um assunto que atrai atenção e vende”, afirma. Embora ela só atenda a homens, tem uma maioria feminina de leitoras e seguidoras nas redes sociais. Entre um conto e outro, deixa dicas para a mulherada.
Falo muito em não fazer as coisas só para agradar. Um homem de nível percebe se a mulher está fazendo isso, não vale a pena se submeter a algo que não gosta de fazer com intuito de manter o marido ou o namorado. É uma perda de dignidade.
Cláudia de Marchi, acompanhante de luxo
No livro, a cortesã fez questão de publicar não só as histórias de sucesso, com seus amantes favoritos, mas também crônicas de encontros malsucedidos. “Pensando bem, acho que gosto mais das histórias que deram errado!”, se diverte.
Entre as divertidas crônicas, a de um cliente que, depois de dois beijinhos, se despiu por completo, em menos de um minuto, provocando risos na cortesã. Dispensado, ele reclamou: “Mas eu não fiz nada!”. Exatamente por isso, Cláudia perdeu toda vontade.
A maioria dos homens que procuram a acompanhante é de homens casados, com idades entre 30 e 60 anos. Frequentemente questionada se eles pertencem a alguma esfera do poder público, ela desconversa: não dá nome aos bois nem mesmo quando expõe uma interação agressiva. “Não são homens solitários ou infelizes, e eu não sou o tipo de pessoa que se presta a fetichismo, coisas esquisitas”, garante.
Exposição e feminismo
Antes de se tornar cortesã, Cláudia havia atuado como advogada e como professora universitária. Segundo ela, o abandono da carreira no direito se deu porque ela se cansou do machismo na profissão e na academia. Com a decisão, mudou-se para Brasília com a mãe e logo passou a assinar, com o próprio nome, textos sobre o novo ofício.
Ela não recebe apenas comentários positivos. “As pessoas não querem aceitar que uma cortesã possa ter relações com homens legais, bonitos e gentis. Sou uma exceção: falo de mim, nem conheço outras acompanhantes”, garante. Embora algumas haters sejam mulheres, a maioria é de homens, acredita Cláudia, rejeitados por elas em algum momento.
A reação é sempre veloz: a cortesã garante que só ofende alguém quando tem a intenção. Divulga prints de diálogos com propostas abomináveis, sempre apontando o mau tratamento recebido de homens.
“Só escondo o nome. Estamos vivendo em tempos em que não podemos relevar o menor sinal de misoginia. Não adianta vir com desculpa, citar esposa. Não tem perdão, eu incomodo o cara se ele merece. Eu não suporto ser menosprezada”, aponta.
Entre várias tatuagens, Cláudia exibe, na parte de trás do antebraço esquerdo, um símbolo do feminismo. “Sempre fiz questão de colocar minha veia feminista, por conta de quem diz não existir consentimento em sexo pago. Fazer sexo por dinheiro não é empoderador, mas sou empoderada e posso fazer o que quiser com o meu corpo. Não procuro namorado. Dos relacionamentos, o melhor é o sexo”, defende.
Leia um trecho do livro De Encontros Sexuais a Crônicas: O Diário de uma Advogada e Acompanhante de Luxo Feminista:
Fingir orgasmo? Jamais!
Eu sou acompanhante de luxo. Trabalharei nisso pelo tempo que eu quiser, logicamente. Não estou vivendo esta experiência por necessidade ou desespero. Não me importa se você é multimilionário, latifundiário, poderoso ou o que for! Eu trabalho nisso porque gosto e porque valorizo a minha independência emocional e financeira. Enfim, eu quero e no momento isso está excelente.
Não quero ter marido nesta fase da minha vida. Pelo menos, não tenho isso como objetivo atualmente, eu já fui casada. Não quero ser sustentada, logo, para mim, de nada adianta ostentar frivolidades relacionadas a poder aquisitivo, pois eu não me importo: quero os meus “honorários” e a minha liberdade após as horas combinadas. Mas, sobretudo, eu quero humor e bom trato durante este tempo.
A sua esposa ou namorada pode fingir orgasmo para lhe agradar. A sua esposa ou namorada pode fazer de conta que você é “gostoso” para lhe enaltecer. Talvez, por amor, talvez, por paixão, talvez, por medo, talvez, por falta de amor-próprio, mesmo. Eu, por outro lado, só faço o que gosto e dou continuidade ao que me apetece.
Você pode ser o advogado “bambambam”, o juiz federal “modinha” ou o megaempresário: não espere “faz de conta” de mim. Eu tenho um diário, eu tenho um site onde narro todas as minhas experiências. Se você acessar e se ver como incapaz de ser, no mínimo, bom, procure outra!
Se você quer só se satisfazer e ter o ego massageado por frases e elogios falsos, não ouse me contatar, ou você vai desperdiçar o nosso tempo e será dispensado, porque eu não sou “namastê” para me doar por gratidão ou esmola para me doar por dó.