Laerte brinca com a carreira de 50 anos em exposição em Brasília
Mostra gratuita sobre o trabaho de Laerte está aberta a visitação na Caixa Cultural até 5 de novembro
atualizado
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A arte de fazer o público rir, pensar e refletir por meio dos quadrinhos é uma habilidade e tanto, mas poucos fazem isso de maneira tão brilhante e provocativa quanto Laerte Coutinho. Uma amostra da arte que alçou a brasileira ao posto de uma das mais importantes cartunistas da atualidade pode ser conferida gratuitamente pelo público brasiliense na exposição comemorativa Trans Laerte, que ocupa a Caixa Cultural até 5 de novembro.
A mostra, aberta para visitação de terça a domingo, das 9h às 21h, é uma viagem pela criatividade transformadora, transgressora e transmidiática de Larte. Nela, o público terá oportunidade de se conhecer, rever e apreciar parte do talento da artista, que já soma cinco décadas de carreira — e faz graça disso.
“Sempre me impressiono com o enunciado 50 anos. De trabalho, ainda por cima – não de vida. Aí me ocorre que foram precedidos por 22 anos de vagabundagem, o que me coloca numa posição muito fidalga no contexto brasileiro”, reflete Larte em entrevista ao Metrópoles.
Com curadoria de Nobu Chinen, pesquisador e escritor de vários artigos e livros sobre histórias em quadrinhos, Trans Laerte oferece passagens por diversas fases do trabalho de Laerte como chargista e cartunista, desde a revista amadora Balão até sua produção mais recente, passando por uma intensa produção que inclui charges, tiras diárias, histórias de página única e outras mais extensas, sobre temas diversos.
Aliás, a variedade de temáticas é outra característica marcante da obra de Laerte. “Quando estava na imprensa sindical, o assunto era, evidentemente, o que acontecia no mundo do trabalho, condições, direitos, campanhas. Na página editorial da Folha [de S. Paulo], o tema está nas relações e fatos políticos. Mas gosto mais de deixar a porta toda aberta, de poder lidar com qualquer área e fazer as abordagens mais diversas. Foi por isso que deixei de lado os personagens – eles também tinham se tornado limites para o meu olhar”, explica Larte.
Filme
Antes de abandonar os personagens, contudo, Laerte criou uma verdadeira galeria de figuras fascinantes e complexas para expressar expressar suas opiniões, provocar o pensamento e desafiar convenções sociais, ao mesmo tempo em que refletia a diversidade da sociedade brasileira.
Um desses personagens, o super-heroi brasileiro Overman, criado nos anos 1990, vai alçar novos voos em breve, com a adaptação das tirinhas para o cinema. Na história, o super-herói interpretado por Caco Ciocler tenta reviver os dias de glória do combate ao crime ao ser chamado para um importante cargo público. O que ele não esperava é que, além da bandidagem, terá de lidar também com uma nova heroína virando o centro das atenções.
O ator Caco Ciocler dá vida ao herói, que foi construído com apoio dos materiais de arquivo de Laerte. “Estou curiosa com o filme. Minha participação se resumiu a fornecer as histórias – basicamente, tiras – do personagem. A construção é toda deles, do pessoal de roteiro, produção, direção… Esse mundo de gente que está por trás de um filme de cinema e faz a gente esquecer que tem tanto trabalho assim quando assiste e desfruta”.
Exposição Trans Laerte
De 28 de setembro a 5 de novembro de 2023, na Galeria Vitrine da CAIXA Cultural Brasília. Endereço: Setor Bancário Sul, Quadra 4, Lotes 3/4 – Edifício Anexo à Matriz da CAIXA. Visitação de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada: gratuita