Kwai aposta em conteúdo musical para brigar por mercado no Brasil
Ao Metrópoles Mariana Sensini, diretora do Kwai no Brasil, confirmou parcerias da rede social com empresas da indústria fonográfica
atualizado
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O Kwai chegou com força à briga por audiência na web, onde TikTok, Instagram, Snapchat e outras redes já disputam a preferência dos internautas. O aplicativo foi o mais baixado no Brasil no primeiro trimestre deste ano, de acordo com relatório do App Annie Intelligence, e deve continuar o caminho bem-sucedido, adotando estratégias que já se provaram eficientes com seus rivais. Entre elas, a aposta em projetos musicais.
Fundada há 10 anos como um aplicativo para fazer e compartilhar GIFs, a Kuaishou Technology, companhia desenvolvedora do Kwai, mudou seu modelo de negócios para vídeos curtos apenas um ano após sua criação. Para se popularizar no Brasil, onde chegou só em 2019, decidiu adotar a estratégia de oferecer prêmios em dinheiro a usuários que angariarem novatos fiéis à plataforma, como fez o TikTok no início de suas operações no país, e acenar para o universo musical.
Além de parcerias com eventos como o São João de Todos, a empresa anunciou este mês a contratação de Fabrício Nobre, criador do Festival Bananada, principal evento da cena independente goiana e ex-sócio-diretor da Monstro Discos, que tem mais de 130 álbuns lançados. Ele chega para ocupar o posto de novo gerente sênior de conteúdo musical do Kwai no Brasil e gerenciar os projetos de conteúdos musicais do app.
Em conversa com o Metrópoles, Mariana Sensini, diretora do Kwai no Brasil, explicou a intenção da empresa. “A gente quer impulsionar cada vez mais a criação de conteúdo e ter um alto impacto na cultura, especialmente na música. Já temos parceria com grandes empresas do setor, como a Som Livre e Sua Música”, afirmou.
“Um exemplo desse movimento foi quando o Kwai transmitiu entre maio e junho de 2020, em parceria com o Sua Música, o São João de Todos, o primeiro arraial digital da história. Foram mais de 40 shows, que alcançaram 11 milhões de pessoas em todo o país. Queremos nos consolidar como uma plataforma que impulsiona tendências musicais e teremos muitas novidades em breve”, disse a porta-voz.
Fabrício — que, além do histórico com o Bananada e a Monstro Discos, assinou projetos para eventos de música como Primavera Sound, Mimo SP, Natura Musical, Petrobras Cultural e a plataforma Twitch — chega para ajudar a companhia a compreender as tendências locais.”Isso reflete diretamente na relação que queremos construir com as marcas e a indústria fonográfica, pois contribui para que possamos fornecer mais ferramentas e recursos personalizados, como stickers, filtros, opções de músicas, desafios e campanhas, de acordo com as preferências do público brasileiro”, comentou Mariana.
Algoritmo
O Kwai também desenvolveu um algoritmo para atrair novos artistas para a plataforma — uma estratégia bastante acertada, considerando que de 10 músicas que bombaram na internet em 2020, sete delas começaram no TikTok, segundo levantamento da Winnin Insights.
Na prática, a rede promete distribuir melhor os conteúdos bem produzidos em comparação com aqueles feitos por usuários que já têm um grande número de seguidores. “Nosso algoritmo é inclusivo, pois proporciona uma melhor distribuição desses conteúdos sem a necessidade de ser uma grande produção ou de um usuário com grande número de seguidores para alcançar mais pessoas. O foco do Kwai é entregar aos usuários conteúdos que sejam relevantes e divertidos para eles”, afirmou Marina.
Entre os cases de sucesso da rede está o cantor brasiliense Bruno Átyla, de 27 anos, um dos campeões de engajamento e popularidade no segmento evangélico. Só no Kwai são mais de 125 mil seguidores. Seu vídeo de maior sucesso, Louvor na Rua 1, já bateu a marca de 540 mil visualizações. “É a única plataforma que tem me dado uma oportunidade real de crescimento, permitindo que eu transmita a palavra de Deus para um público muito maior”, diz ele, que tem quase 50 mil seguidores a menos no Instagram.
Outras prioridades
Além da música, fundamental para uma rede social de compartilhamento de vídeos, a Kwai também pretende investir nos esportes. A ideia é “oferecer uma experiência complementar para o fã do esporte, oferecendo aos usuários conteúdos exclusivos e proporcionando o engajamento da comunidade em ações especiais”.
“A Seleção Brasileira de futebol masculino, por exemplo, fez uma ação dentro do app chamada #FalaSeleção, na qual os usuários puderam mandar perguntas para os jogadores responderem. Também anunciamos uma parceria com o Brasileirão até 2022, com ações e conteúdos exclusivos no Kwai e contamos também com a presença de times da série A, como Flamengo, Botafogo, Bahia, Santos e São Paulo. Além disso, apostamos em diferentes modalidades, como o Novo Basquete Brasil (NBB), que usa a plataforma para falar de maneira mais direta com os seus fãs. Durante o próximo ano, o Kwai também investirá 10 milhões de dólares na América Latina para apoiar criadores de esportes com um programa de monetização, workshops e um time dedicado para guiá-los no processo para se tornarem criadores profissionais”, explicou Mariana.
Conteúdos de humor, motivacionais e notícias também terão atenção especial da rede. “Queremos incentivar que criadores e usuários venham para nossa plataforma, permitindo que artistas, contadores de histórias, educadores e performers mostrem seus talentos. Nosso foco é a inclusão e o compartilhamento de uma seleção mais ampla de conteúdo entre os usuários do que outros aplicativos, para que pessoas de todas as rendas, gostos e culturas possam encontrar o que mais gostam”, concluiu a executiva.