Novo filme de Kléber Mendonça Filho ganha pré-estreia no Cine Brasília
Diretor de Aquarius e Bacurau, Kléber Mendonça Filho concedeu entrevista ao Metrópoles e falou sobre seu novo longa, Retratos Fantasmas
atualizado
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Depois de ser aplaudido com entusiasmo no Festival de Cannes, na França, em maio deste ano, e abrir o 51º Festival de Cinema de Gramado, na semana passada, o documentário Retratos Fantasmas abre um circuito de pré-estreias em todo o Brasil neste final de semana. No domingo (18/8), o diretor e roteirista Kléber Mendonça Filho estará em Brasília para apresentar o longa a uma das casas mais importantes do cinema nacional: o Cine Brasília, com a qual o cineasta tem uma relação especial.
“Eu sou pernambucano, nunca morei em Brasília, mas tenho família aqui. Minha tia Marluce, minha prima Maria do Carmo… Vou a Brasília desde os 11 anos de idade e o Cine Brasília faz parte da minha vida”, contou Kléber em entrevista concedida ao Metrópoles, dias antes de embarcar para a capital federal.
“É um projeto arquitetônico fabuloso do Niemeyer, uma sala de grande porte… ela tem um clima, tem uma história e é o tipo de lugar onde eu me sinto em casa”, elogiou.
Nome criativo por trás de Aquarius, Bacurau e o Som ao Redor, Kléber trabalhou 7 anos em Retratos Fantasmas. O enredo aborda a transformação acelerada dos centros urbanos, mais especificamente de Recife, a partir da perspectiva do cineasta, da janela do apartamento onde morou e filmou várias de suas obras.
Essa perspectiva particular de Recife é, inclusive, algo que conecta o mais novo filme com o conjunto da obra de Kléber. “Os meus filmes de Recife têm um intercâmbio. Não que eu não queira, isso é impossível de controlar”, diz ele, antes de citar o próximo longa.
“Eu escrevi Agentes Secretos também durante esses anos recentes, que é meu próximo filme de ficção. Se passa em Recife, em 1977, e o processo de pesquisa pra ele me levou para Retratos Fantasmas. Então eu estava trabalhando com dois filmes que se alimentavam (…) Quando eu fui filmar O Agente Secreto, muita coisa eu achei por causa de Retratos Fantasmas”, conta.
Na entrevista ao Metrópoles, Kléber ainda respondeu se teme o desaparecimento do cinema brasileiro, em uma analogia aos antigos cinemas de rua de Recife, que também têm papel de protagonistas em Retratos Fantasmas. O diretor aproveitou para criticar a ocupação em massa das salas por filmes estrangeiros:
“Eu obviamente não sou contra o cinema hollywoodiano, mas eu não entendo como é possível que num multiplex de 12 salas, 11 estarem recebendo o mesmo filme. Isso não existe, precisa ser regulado de alguma maneira. Não faz sentido do ponto de vista de cultura”.
Retratos Fantasmas no Oscar?
Retratos Fantasmas já conta com mais de 30 convites para festivais internacionais de cinema com exibições já cumpridas em Munique, na Alemanha, Sydney e Melbourne, na Austrália.
No início do mês, o New York Film Festival, que será realizado em setembro e outubro no Lincoln Center, anunciou a seleção de Retratos Fantasmas, na principal categoria do festival. O NYFF reúne tradicionalmente os filmes de maior prestígio do ano no mundo e é a porta de entrada número um nos Estados Unidos de filmes lançados em Berlim, Cannes e Veneza.
“Com a carreira que Retratos Fantasmas vem construindo, e com o que ainda será divulgado fora do Brasil, creio que devemos submeter o filme como representante do país no Oscar. Faz parte do trabalho e vamos onde o filme vai”, afirmou Emilie Lesclaux, em comunicado à imprensa.
A exibição de Retratos Fantasmas no Cine Brasília neste domingo (20/8) conta com duas sessões, às 18h30 e 21h30, e um debate entre elas com a presença do diretor.
Confira a entrevista completa:
Veja o trailer: