Jovens infratores do DF encontram na rima um novo caminho na sociedade
O projeto A Arte de Rimar promove oficinas em unidades de internação do Distrito Federal e oferece um novo caminho para adolescentes
atualizado
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Jovens que cumprem medidas socioeducativas têm a oportunidade de aprender a rimar e escrever de forma criativa dentro das unidades de internação do Distrito Federal (DF) por meio do projeto A Arte de Rimar. Desenvolvida em 2014 a convite do CEM 2, de Ceilândia, a iniciativa oferece oficinas de rimas e escrita criativa e abrem um novo caminho para os adolescentes.
Um dos idealizadores do projeto, Nenzim MC, explica que tentam levar para o sistema socioeducativo algo que os adolescente em cumprimento de medidas socioeducativas se identifiquem. “Nada conversa mais com o jovem de periferia do que o rap”, avalia.
De acordo com o agente socioeducativo Jefferson Lopes, que trabalha na unidade de internação de Brazlândia (Uibra), a maior parte dos jovens que acabam nesse sistema possuem entre 14 e 18 anos incompletos e são moradores de regiões administrativas. Para ele, atividades culturais como A Arte de Rimar são fundamentais para esse público.
“A rotina dos adolescentes sob medida restritiva de liberdade não pode ser cumprida distante da sociedade, da comunidade, da ‘quebrada’ e desse tipo de relação. A música, o esporte, a cultura, a vida cotidiana de uma sociedade e suas ricas relações devem fazer parte do dia a dia desses adolescentes. Quando apresentamos uma oportunidade em que o adolescente tenha interação com o exterior, e principalmente, com a vida artística, isso enriquece o seu dia, seu aprendizado, seu desenvolvimento como pessoa”, avalia Lopes.
Ele é também responsável por um projeto de musicalização dentro da Uibra e observa um aumento de atividades diferentes sendo oferecidas nas unidades. O agente pontua ainda que todos os adolescentes do sistema socioeducativo do DF estão matriculados em escolas e são direcionados a cursos profissionalizantes do Senac.
Como funcionam as oficinas
A Arte de Rimar conta com uma metodologia própria e é temporário, passando de um a dois meses no local. Com oficinas e aulas, eles incentivam os adolescentes a criarem raps e contarem suas próprias histórias.
“Os jovens, além do conteúdo teórico, têm a oportunidade de realizar diversas atividades de criação conjunta, como exercícios de trava-línguas, técnicas de brainstorm, batalha de rimas, rima interna x rima externa, flow e dicção, dinâmicas de terminação e leitura em ritmo”, detalha Nenzim MC.
Na Uibra, por exemplo, eles desenvolveram o trabalho entre março e abril e gravaram quatro músicas com temas de liberdade, sonhos, objetivos e vivências. Agora, se preparam para começar em junho uma nova temporada de atividades, que vai passar por Planaltina e São Sebastião.
O MC destaca que a rima é um dos principais fenômenos da Internet e que tem dominado as ruas do país. A forte presença on-line atrai os jovens e o projeto aparece como um caminho para essa nova oportunidade de aprendizado.
“Nos vemos como facilitadores para essa aproximação do jovem com a rima, e eles narram suas histórias em formato de música.”
Jefferson Lopes, que acompanha os jovens no dia a dia, garante que na Uibra ele foi um sucesso. “Percebemos a felicidade dos adolescentes participando do projeto com suas composições, vozes, falas, gritos por meio da música, da arte.”