Jerry Lewis, rei da comédia, morre aos 91 anos
Humorista veterano marcou época em filmes como “O Professor Aloprado” e “O Mensageiro Trapalhão”
atualizado
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Jerry Lewis, o rei da comédia, morreu neste domingo (20/8) aos 91 anos, em Las Vegas. Astro de filmes como “O Professor Aloprado” (1964) e “O Mensageiro Trapalhão” (1960), o ator faleceu na manhã de hoje, em casa.
Conhecido por seu humor físico e pastelão e por interpretar tipos cômicos inconfundíveis, Lewis era filho de judeus de origem russa. Nascido Joseph Levitch, o humorista herdou do pai, David, o talento para o entretenimento.
Antes de completar 20 anos, o comediante formou com o crooner Dean Martin o duo de humor Martin and Lewis, que atraiu multidões a espetáculos de teatro entre os anos 1940 e 1950, além de ouvintes no rádio e espectadores em programas de televisão.
O sucesso da dupla nos Estados Unidos rendeu 17 filmes, entre eles “Os Malucos do Ar” (1952) e “Farra dos Malandros” (1954). Após o fim da dupla, Martin e Lewis seguiram carreiras solo imensamente populares.
Um comediante universal
Vencedor de um prêmio do Oscar por seu trabalho humanitário – de 1955 a 2011, Lewis usou seu status de celebridade para arrecadar dinheiro à Associação de Distrofia Muscular – e dono de duas estrelas na calçada da fama de Hollywood, Jerry Lewis alcançou o mundo a partir dos anos 1960.
Também produtor, roteirista e diretor, Lewis se equilibrou entre performances cômicas na televisão, sobretudo em programas ao vivo, e na extensa carreira no cinema. Ele revolucionou o humor já em “O Mensageiro Trapalhão” (1960), primeiro trabalho que assinou como diretor.
Sem roteiro e totalmente escorado no improviso, Lewis encarnou um mensageiro mudo e desengonçado que trabalha em um hotel de Miami Beach. Colaborando com Bill Richmond, valioso parceiro nos roteiros, o humorista burilou um estilo escrachado, com gags que se misturam aos mecanismos da narrativa.
A genialidade de Lewis nos anos 1960 serviu de influência para praticamente todos os atores de comédia que vieram depois dele – de Renato Aragão a Jim Carrey. Indicado ao Globo de Ouro por “Boeing Boeing” (1965), Lewis erigiu outro marco da comédia moderna em “O Professor Aloprado” (1963), sua obra mais conhecida.
Já com crédito dentro do estúdio Paramount, o ator-diretor contou com mais orçamento do que em “O Mensageiro” e conseguiu misturar romance e ficção científica numa clara paródia de “O Médico e o Monstro” (“Dr. Jekyll and Mr. Hyde”).
Em 1996, o cientista maluco de Lewis inspirou um remake estrelado por Eddie Murphy. Após uma década de 1960 frenética, o já consagrado comediante desacelerou o ritmo de trabalho nos anos 1970.
O retorno com “O Rei da Comédia” (1983)
Mais adorado pelos críticos franceses do que pelos americanos – a revista “Cahiers do Cinéma”, na qual escreveram Jean-Luc Godard e François Truffaut, tratava o humorista como um genuíno autor de filmes originais –, Lewis permaneceu pouco mais de uma década sem lançar novos trabalhos.
Retornou com “Um Trapalhão Mandando Brasa” (1980) e entregou uma de suas performances mais soberbas em “O Rei da Comédia” (1983), dirigido por um Martin Scorsese recém-saído de “Touro Indomável” (1980).
Numa clara alusão à persona do ator, Jerry Langford (Lewis), famoso apresentador de televisão, é perseguido e, por fim, sequestrado por Rupert Pupkin (Robert De Niro), seu fã e aspirante que sonha em se tornar uma estrela do show business.
Ativismo e indicação ao Nobel da Paz
O americano trabalhou ainda menos nos anos seguintes. Atuou na série de TV “O Homem da Máfia” (1987-1990) e esboçou uma volta ao protagonismo em “Max Rose” (2013). No Brasil, fez uma participação especial como mensageiro de hotel (o mesmo bellboy de “O Mensageiro Trapalhão”) em “Até que a Sorte Nos Separe 2” (2013), filme estrelado por Leandro Hassum e Marcius Melhem.
Seu último trabalho foi no longa “A Sacada” (2016), policial ainda inédito no Brasil estrelado por Nicolas Cage e Elijah Wood.
Como porta-voz mais importante da Associação de Distrofia Muscular, Lewis atraiu cerca de US$ 2,5 bilhões em doações por meio de um programa de TV solidário exibido anualmente. Em 1977, o ator foi reconhecido com indicação ao prêmio Nobel da Paz.