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Influenciadores transformam luta contra as drogas em conteúdo na web

Adictos em recuperação, Marcos Sato e Gabriella Bogo acumulam milhares de seguidores nas redes compartilhando suas batalhas contra as drogas

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Influenciadores estão por todos os lados na internet, vendendo produtos ou um estilo de vida. Mas, no ecossistema digital, um novo tipo tem emergido e conquistado fãs e seguidores. São os adictos em recuperação. Essas pessoas, que enfrentam diariamente o desafio de se manterem sóbrias, começaram a compartilhar suas jornadas on-line, não apenas como uma forma de terapia pessoal, mas também como meio de conscientização e apoio a outras pessoas que enfrentam lutas semelhantes.

Marcos Sato, 25, de São Paulo, é um desses influenciadores. Com mais de 120 mil seguidores no TikTok, ele encontrou nas redes sociais um espaço para compartilhar suas vivências e desafios como adicto em recuperação.

“A minha experiência pessoal com a recuperação influenciou totalmente o conteúdo que eu crio nas redes sociais porque trago posts baseados na minha experiência”, conta Marcos, em entrevista ao Metrópoles. Ele acredita que, ao ser autêntico e vulnerável, consegue conectar-se de maneira mais profunda com seu público, que vê nele uma figura humana, imperfeita, mas resiliente.

Marcos reconhece os desafios de expor sua vida dessa forma, especialmente quando se depara com haters e ataques on-line: “Para produzir conteúdo, você precisa ter um respaldo emocional muito bom”. O apoio de seu público, no entanto, é essencial para que continue na sua jornada de recuperação, algo que jamais esperava quando criou seu perfil. “Eu confesso que se não fossem os seguidores, eu não teria gravado tantos vídeos de forma tão assídua”, revela.

 

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Outra influenciadora que tem utilizado as redes sociais para compartilhar sua jornada de recuperação é a carioca Gabriella Bogo, 25, professora de dança com 70 mil seguidores. Para ela, o maior desafio de expor sua vida na web é reviver os momentos difíceis de sua adicção ativa. No entanto, a noção de poder ajudar quem enfrenta o problema, a motiva.


“Eu abri o meu anonimato justamente para as pessoas terem noção de que existe uma doença, porque eu não tive isso na minha adicção ativa. Então, quanto mais as pessoas terem noção do que acontece, do que pode acontecer, de que existe uma doença mesmo, para mim é melhor”, explica.

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Gabriella é professora de dança
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Gabriella Bogo

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O papel das redes sociais na recuperação

A psicóloga Adriana Sócrates, doutora em psicologia clínica e cultura pela Universidade de Brasília (UnB), destaca a importância do compartilhamento de experiências na recuperação de pessoas em tratamento. “Somos seres sociais e compartilhar e acompanhar a vida uns dos outros faz parte da essência humana”, afirma.

No entanto, ela também alerta para os riscos de se expor nas redes, especialmente quando o propósito pessoal não está claro. “Reações de seguidores podem dificultar ou facilitar esse processo se não estiver consciente e claro o propósito pessoal do compartilhamento”, pontua.

Impacto e responsabilidade

O fenômeno também levanta questões sobre responsabilidade e impacto social. Marcos e Gabriella, cada um à sua maneira, têm ajudado a desestigmatizar a adicção e a mostrar que a recuperação é possível. No entanto, ambos reconhecem que a pressão de ser uma figura pública nesse contexto pode ser esmagadora.

“Se alguém quiser começar a criar conteúdo sobre esse tema, eu recomendaria ter acesso a algum psicólogo para dividir sua experiência nas redes com um profissional”, aconselha Marcos. Gabriella, por sua vez, enfatiza a necessidade de refletir cuidadosamente antes de abrir o anonimato, dada a natureza cruel do julgamento social sobre adictos.

“A recomendação no caso de compartilhamento da experiência em lidar de outras formas com uso de álcool e outras drogas seria só postar o que se sentir à vontade de dividir com as pessoas. E entender que cada um que ver terá sua forma de pensar e agir. Nunca pode ser doutrina ou indicativa de certo e errado. Cada pessoa vive a vida e o seu momento de vida a seu modo e precisa se reconhecer nisso para desenvolver comportamentos conscientes de si mesmas”, salienta a psicóloga Adriana Sócrates.

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