Incertezas políticas e líderes polêmicos alimentam mercado de séries
Com o crescente pessimismo e discussões acerca do futuro dos países, surgem produções como Years and Years e The Politician
atualizado
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A política ao redor do globo tem se tornado um assunto cada vez mais discutido. A eleição de figuras controversas e afeitas a declarações polêmicas, como Donald Trump, Boris Johnson e Jair Bolsonaro, tornou o debate sobre os rumos dos países um tema de interesse nas redes sociais. Tanta discussão – e, em diversos momentos, desilusão – virou tema da cultura pop, que entre músicas e filmes têm abordado a questão. Recentemente, a série Years and Years da HBO virou hit e, em contra-ataque, a Netflix aposta em The Politician, com estreia prevista para setembro.
O pessimismo mundial sobre a política
De acordo com a pesquisa realizada pelo Gallup International no final de 2018, o mundo está perdendo a confiança em líderes globais. A pesquisa mostra que diversos políticos mundiais, incluindo Angela Merkel (Alemanha), Emmanuel Macron (França), Vladimir Putin (Rússia) e Xi Jinping (China), têm visto uma queda em suas taxas de aprovação.
“Tensões ao redor do mundo estão crescendo, e a liderança está em crise em quase todos os lugares”, aponta o relatório da pesquisa. “Falta de confiança na política e em sistemas políticos está crescendo e a questão fundamental não é como encontrar melhor representação para o povo, mas como as pessoas podem controlar seus representantes eleitos mais efetivamente”.
Years and Years
Em meio a esse clima político, a arte tem se inspiração no pessimismo da população mundial. Entre especiais de comédia, fotos e instalações, a nova onda de séries de televisão segue a tendência. Em maio, a série da HBO Years & Years foi lançada e, rapidamente, virou sucesso. A trama se passa em uma Grã-Bretanha abalada por instáveis avanços políticos, econômicos e tecnológicos.
A série tem apenas seis episódios e acompanha a família Lyons ao longo de um período de 15 anos, a partir de 2019. Neste futuro imaginado, os regimes de direita que floresceram na última década seguem no poder e ganham ainda mais força. Embora os protagonistas da produção sejam os irmãos Lyons, uma subtrama importante é acompanhada paralelamente: a crescente popularidade de Vivienne Rock (Emma Thompson) na carreira política. Ela é o símbolo do populismo, do nacionalismo e do obscurantismo, flertando sempre com um totalitarismo. Sua caracterização tem lembrado diversas pessoas de Marine Le Pen, francesa que representa o pensamento de extrema direita.
Assim como o mundo presenciou com Donald Trump, Vivienne no início é vista apenas como uma figura extravagante, quase satírica. Porém, à medida que a trama avança, ela ganha espaço e credibilidade.
The Politician
A Netflix também entra no jogo com The Politician, a primeira série feita por Ryan Murphy (Glee, American Horror Story, American Crime Story, Pose) para o serviço de streaming. O seriado é recheado de drama, luxo e “punhaladas pelas costas”, trazendo um olhar privilegiado sobre o estilo de vida da elite jovem americana.
A trama segue Payton Hobart (Ben Platt, vencedor do Tony Award 2017), um estudante rico de Santa Bárbara, Califórnia. Ele sabe que será presidente dos Estados Unidos, mas antes deve ser eleito líder do Grêmio Estudantil, garantir sua vaga em Harvard e permanecer em seu caminho rumo ao sucesso.
Essa série se diferencia de Years and Years porque se passa em uma escola. De acordo com os detalhes divulgados pela Netflix, Payton pertence a um cenário político “traiçoeiro”: o do colégio Saint Sebastian High School. Ele também deve ser mais esperto que seus colegas impiedosos e ter cuidado para não sacrificar sua moralidade e imagem cuidadosamente elaborada.
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