Grafiteiros usam arte para transformar identidade de comunidade do DF
Os artistas se encontram em uma comunidade que já teve o maior lixão a céu aberto do país para capacitar jovens e otimizar a estética local
atualizado
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A arte mostra que pode ser instrumento para renovação e transformação no Fest Povos, um encontro de grafiteiros de todo o Brasil que ocorre na comunidade Santa Luzia, na Cidade Estrutural (DF). O projeto, que existe desde 2015, capacita jovens, oferece opções de lazer e cultura e faz manifestações artísticas no local.
Com o grafite, uma arte urbana, as paisagens da comunidade são modificadas e deixam o espaço mais colorido. Segundo o idealizador do projeto, Davi Marcos, o objetivo é dar mais visibilidade para Santa Luzia, comunidade que já abrigou o maior lixão a céu aberto do país e passou por uma ocupação urbana.
“É muito importante trazer essa visibilidade para a Santa Luzia e conhecer essa realidade. A gente consegue reunir mais de 120 artistas e é sempre um impacto na comunidade. Muitos moradores pedem para que a gente continue. A gente deixa as obras e leva um olhar de afeto, autoestima bem feitoria, estética e chamamos atenção para os problemas enfrentados”, conta, em entrevista ao Metrópoles.
Neste ano, o evento está marcado para 14 e 15 de outubro. Com entrada franca, o local receberá mais de 100 artistas selecionados e outros artistas voluntários para interagir com a comunidade, seja através de intervenções estéticas ou de conversas com as pessoas que vivem por lá.
Em vídeo divulgado pelo projeto, uma moradora de Santa Luzia, não identificada, fala sobre a importância dos intervenções artísticas. “Trouxeram vida para a gente. Todo lugar que eu saio aqui, que eu vejo uma pintura, eu fico muito feliz. Carrego no meu coração.”
O artista Reche, de São Paulo, foi selecionado para o evento ressaltou a importância de ter eventos que procuram abraçar comunidades carentes. “É importante mostrar que existe um caminho que as pessoas possam se inspirar para buscar, no meio da arte, uma forma de conseguir se expressar, encontrar o seu lugar no mundo, ou até mesmo uma fonte de renda”, acredita.
Presente na última edição do Fest Povos, o grafiteiro afirma que é uma experiência única. “Eu tive uma interação com a comunidade e esse carinho que a gente recebe não tem preço. A comunidade acolheu a gente muito bem, a gente leva nossa arte e recebe esse carinho. Essa troca é muito importante.”