Gamers: saiba como evitar lesões associadas ao uso contínuo do PC
Especialistas explicam as consequências para quem passa muito tempo a frente do computador e dão dicas para cuidar da saúde
atualizado
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Com o passar dos anos e o avanço das tecnologias, a atividade gamer vem ganhando cada vez mais adeptos. O número de profissionais aumentou consideravelmente, assim como a quantidade de amadores que amam o mundo dos jogos. De acordo com uma pesquisa da BGS (Brasil Game Show), divulgada em 2021, há mais de 67 milhões de gamers no país.
Entretanto, essas pessoas que ficam durante horas a frente do computador, seja jogando ou interagindo com fãs e espectadores, podem apresentar alguns problemas, sejam eles nas articulações, na visão, ou mesmo desgaste psicológico.
Luis Henrique Camilo, que trabalhou com games durante a pandemia, colocou o trabalho em primeiro lugar, deixando de lado a saúde. “Essa vida foi me levando aos poucos ao sedentarismo, má alimentação e sobrepeso, cheguei a pesar 124 kg e possivelmente como consequência disso desenvolvi duas hérnias de disco, o que acabou me deixando de cama cerca de 15 dias e com risco de perda de movimento nas pernas”, explicou.
“Desenvolvi depressão, acabei tendo uma sensação de improdutividade e bloqueios mentais, falta de criatividade, muito estresse, e bloqueios em minha vida social. Continuo jogando de noite para distração/alívio de stress, não mais como meio profissional, mantendo minha rotina saudável em primeiro lugar”, completou.
Ortopedia
Os danos podem ser físicos, com o surgimento de dores no corpo, nas costas e pulsos, todas as regiões que envolvem uma postura diante do computador. O ortopedista do Hospital São Francisco, de Brasília, Paulo Leandro, explica que a concentração nos jogos faz com que a grande maioria não perceba “vícios de postura”.
“A solução seria ter cadeiras confortáveis e orgânicas com encosto e apoio cervical, manter os pés no chão ou em apoios, estimulando sempre as panturrilhas, para melhorar o retorno venoso”, explicou.
“Na questão de movimentos repetitivos em determinados jogos, que podem acarretar tendinites nos membros superiores (ombros, antebraços, punhos e dedos), recomenda-se fazer alongamentos diários, se possível de duas em duas horas e uma hora de academia, pelo menos três vezes na semana, para ganho de resistência e força muscular”, completou o médico.
Oftalmológico
Fátima Sainz, oftalmologista do Hospital Anchieta de Brasília, explica que a exposição prolongada a telas pode promover o surgimento de miopia ou agravar esta condição. Além disso, as pessoas expostas a telas tendem a piscar menos frequentemente do que o normal, o que provoca: fadiga e ressecamento ocular.
Outro aspecto negativo é que a exposição à luminosidade excessiva à noite interrompe o ciclo circadiano: o organismo interpreta que está de dia e interrompe a produção de melatonina, não obtendo uma adequada indução do sono. O uso de filtros noturnos (modo noturno) pode amenizar esses sintomas.
“É recomendado fazer exame oftalmológico com intervalo mínimo anual para avaliar presença de ressecamento ocular, erro refracional, dentre outros problemas oculares; é recomendável também o uso de lágrimas artificiais para mitigar o ressecamento ocular durante a exposição a telas”, explicou.
Fátima aproveitou para receitar um exercício para amenizar o esforço visual. “A cada 20 minutos utilizando a visão de perto (por exemplo com telas), olhar um objeto à distância de pelo menos 6 metros por ao menos 20 segundos. Este exercício ajuda a diminuir o estímulo para acomodação e, portanto, a fadiga ocular”.
Psicológico
Quem trabalha com transmissões ao vivo, o famoso streaming, costuma passar horas sozinho no quarto, sem contato com ninguém, a não ser na tela do computador. Essa intensa interação com a telinha pode causar transtornos de ansiedade. De acordo com Fernando Machado, psicólogo do Hospital Anchieta de Brasília, desde a sua evolução, o ser humano é um ser social. E não ter esse contato pode trazer sim trazer prejuízos sociais.
“Temos que ter muito cuidado com a saúde mental, com qualquer trabalho imerso. Para reduzir isso, pode-se estipular horários de descanso, de saída ali da frente do computador, uma hora, duas horas, pra fazer outras coisas. Finais de semana, tentar evitar isso, procurar mais sair, encontrar pessoas e manter o seu convívio social. Essas são algumas das situações em que pode-se tentar minimizar alguns danos”, esclarece o profissional.