Françoise Forton iniciou a carreira em Brasília, com Dulcina de Moraes
Atriz faleceu neste domingo (16/1), no Rio de Janeiro, após lutar contra um câncer
atualizado
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Nascida no Rio de Janeiro, Françoise Forton nutriu uma forte relação com Brasília, cidade onde morou entre os anos 1970 e 1980. A atriz, que faleceu neste domingo (15/1), aos 64 anos, após lutar contra um câncer, fez balé com Norma Lillia, cursou canto na Universidade de Brasília (UnB) e pertence à geração de artistas que inaugurou as salas da Faculdade Dulcina de Moraes.
A admiração de Françoise pela mestra do teatro era tanto que ela não hesitou em aceitar o convite para interpretá-la nas telonas, no longa Dulcina, de 2019, de Glória Teixeira. Com o papel, recebeu o Candango de Melhor Atriz no Festival de Brasília, junto com suas companheiras de elenco: Bidô Galvão, Carmem Moretzsohn, Iara Pietricovsky, Theresa Amayo e Glória Teixeira.
Em 2011, a carioca veio para Brasília para participar do Mito do Teatro Brasileiro, teatro-documentário sobre a vida de Dulcina, criado pelo coletivo Criaturas Alaranjadas. Na ocasião, ao lado de Nicette Bruno, reviveu memórias e experiências compartilhadas com a icônica atriz.
Também foi na capital federal que Françoise conheceu Glauce Rocha, com quem estreou, mais tarde, em um teatro profissional na peça Pais Abstratos. Antes de adoecer, inclusive, a atriz trabalhava em uma homenagem também preparada pelo coletivo Criaturas Alaranjadas.
“A ideia era retratar a Glauce em diferentes fases. Françoise iria vivê-la em uma delas. O projeto acabou parando na pandemia e suspendemos um pouco as conversas”, conta um dos fundadores do coletivo, o jornalista e dramaturgo Sérgio Maggio.
Fã da atriz antes mesmo de ter a oportunidade de conhecê-la pessoalmente, Maggio é só elogios à sensibilidade de Françoise no trabalho e no trato com todos a sua volta. “Era essa pessoa muito doce e acolhedora. Uma atriz que defendia a importância da memória no teatro, no cinema. Sempre dizia que Glauce e Dulcina a transformaram como pessoa, artista e cidadã e não podiam ser esquecidas. Tinha como missão levar o nome dessas atrizes. Não à toa, mencionava as duas, em todas as entrevistas que concedia”, recorda.
Secec lamenta morte de Françoise Forton
Pela internet, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) lamentou a morte de Françoise, destacando a proximidade dela com a cidade. “No ano passado, no aniversário do Cine Brasília, a atriz participou de uma das lives do Festival Gira Cultura, da Secec, sobre o filme Dulcina, de Glória Teixeira, que lhe consagrou com o Candango de Melhor Atriz”, menciona uma parte do texto.
“Françoise se dizia candanga e brasiliense de coração. Começou a trabalhar com teatro e balé ainda com 8 anos. Aos 10, fez o primeiro curta-metragem. Teve como tutora uma das maiores atrizes deste país, Glauce Rocha”, segue a nota da Secec.
Confira abaixo na íntegra:
A Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) lamenta a morte precoce da atriz Françoise Forton, aos 64 anos, talento e cria de Brasília, que viveu na capital entre os anos 1970 e 1980, sendo uma das alunas da primeira turma de Dulcina de Moraes. Era apontada como o xodó da mestra.
No ano passado, no aniversário do Cine Brasília (22.4), a atriz participou de uma das lives do Festival Gira Cultura, da Secec, sobre o filme “Dulcina”, de Glória Teixeira, que lhe consagrou com o Candango de Melhor Atriz.
Françoise se dizia candanga e brasiliense de coração. Começou a trabalhar com teatro e balé ainda com 8 anos. Aos 10, fez o primeiro curta-metragem. Teve como tutora uma das maiores atrizes deste país, Glauce Rocha.
“O meu primeiro longa-metragem, Marcelo Zona Sul, de Xavier Oliveira, foi lançado no Cine Brasília. Estive diversas vezes no Festival de Brasília, entregando prêmios, concorrendo e assistindo. É a minha casa”, escreveu a atriz, recentemente, nas redes sociais.
Françoise fazia questão de ser uma memória viva de Dulcina de Moraes. Em 2011, veio a Brasília, no projeto de teatro-documentário “Mitos do Teatro Brasileiro”, ao lado da colega e atriz Nicette Bruno, dar o seu testemunho sobre a vivência com aquela que foi considerada a mais importante atriz dos palcos enquanto esteve viva. Fez uma participação emocionada para um Centro Cultura Banco do Brasil lotado.
Françoise Forton enfrentava um câncer e estava internada havia quatro meses. No último aniversário de Brasília, ela postou, nas redes sociais:
“Brasília, terra que amo que preenche minha vida com ótimas lembranças, que você seja sempre respeitada, amada, cuidada, que a natureza seja preservada e sua história não seja deturpada”, escreveu.
Françoise alcançou a fama nacional ao estrelar em 1976 a novela “Estúpido Cúpido”, de Mário Prata, Na trama, ela viva Maria Tereza, uma jovem do interior que ganhava a cobiçada coroa de Miss Brasil.