Filmes e séries do Brasil viram sucessos mundiais na Netflix
Produções nacionais emplacaram no TOP 10 de mercados gringos e se tornaram novo nicho para atores e produtores
atualizado
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Nos dois primeiros meses de 2021, a Netflix já lançou duas produções nacionais – Pai em Dobro, estreia de Maisa na plataforma, e Cidade Invisível. No fim de 2020, foi a vez de Tudo Bem No Natal Que Vem, com Leandro Hassum. Em comum, além de serem brasileiros, esses filmes e série mostraram o potencial global dos títulos do país.
Tudo Bem No Natal Que Vem, por exemplo, entrou para o TOP 10 dos Estados Unidos e ficou 23 dias entre os mais vistos de Portugal – chegando a ser o quarto mais assistido em todo o planeta no fim de 2020. Pai em Dobro ficou entre as 10 produções de maior audiência em 16 países – alavancando a carreira artística internacional de Maísa.
Cidade Invisível, que aborda o folclore brasileiro em um thriller eletrizante, chegou ao TOP 10 de mercados importantes, como Estados Unidos, Canadá e Portugal. No Brasil, o seriado de Carlos Saldanha lidera o ranking da Netflix, segundo informações da FlixPatrol.
“Nossa expectativa é exatamente esta, levar o folclore brasileiro para o mundo, contar a nossa história, que é linda”, revelou Marco Pigossi, em entrevista ao Metrópoles.
A lista de produções nacionais da Netflix é extensa, contando com a pioneira 3% e com Coisa Mais Linda. O número aumentará com as já confirmadas séries de Manu Gavassi e Bruna Marquezine, e outras produções com nomes como Klebber Toledo, Maísa e Camila Queiroz.
“Nosso lançamento mais recente, Cidade Invisível, talvez seja um fantástico exemplo de como temos feito essas apostas: abraçamos o projeto de uma mente brilhante como o Saldanha para fazer seu primeiro live-action, em parceria com a Prodigo Films. Poder levar figuras míticas do folclore brasileiro para centenas de países ao redor do mundo, com uma visão contemporânea e ousada, é um privilégio. E o retorno dos nossos assinantes tem sido bastante positivo ao redor do mundo”, garante Haná Vaisman, gerente de Conteúdo Original Brasileiro na Netflix.
Novas oportunidades
O sucesso nacional e internacional das produções brasileiras da Netflix abre novo mercado para o audiovisual brasileiro – principalmente porque, nos últimos anos, o financiamento público, por meio de editais e leis de financiamento, tem sido alvo de disputas políticas. Assim pensa a diretora Cris D’Amato, que conduziu Pai em Dobro.
“A produção nacional vem em uma curva ascendente. Com a entrada do streaming no Brasil, o mercado ficou aquecido, aumentando a injeção de recursos e a qualidade técnica”, opina, em entrevista ao Metrópoles.
Andrea Barata Ribeiro, sócia e produtora executiva da O2 Filmes, umas das principais do Brasil, entende que está sendo gerido um novo nicho. “Não só a Netflix, todo o crescimento das plataformas está impulsionando o mercado. Amazon, Disney, Globoplay e a HBO Max, que chega logo ao Brasil”, avalia.
Cris D’Amato vai além: para a realizadora, o streaming aumentou o acesso que o mundo tem às produções brasileiras. “Nunca imaginei que um filme meu, uma direção minha, estaria no mundo inteiro, ao mesmo tempo e sendo bem recebido”, frisa.
“O streaming trouxe mais qualidade, mais liberdade e mais volume de produção. Sem falar numa janela de exibição que atinge mais pessoas de uma maneira inovadora. Isso tudo é muito importante num momento em que o audiovisual brasileiro foi praticamente extinto pelo atual governo”, opina Roberto Santucci, diretor de Tudo Bem No Natal Que Vem.
Futuro
A tendência de investimentos no conteúdo audiovisual brasileiro deve continuar em 2021. “Estamos comprometidos em continuar apoiando a comunidade audiovisual brasileira. Queremos ampliar cada vez mais o leque de formatos e gêneros que fazem parte da nossa produção local”, garante Maria Ângela de Jesus, diretora de Conteúdo Original Brasileiro da Netflix.
Para Andrea Barata Ribeiro, essa parceria seguirá essencial ao longo de 2021.
“A perspectiva para o audiovisual nos próximos anos é excelente. As plataformas vão precisar de conteúdo. Já se sabe que, se uma plataforma quer ser forte num determinado país, é fundamental que produza conteúdo local. O Brasil com seu tamanho continental é um cliente e tanto para o streaming. Ainda bem, porque isso vem compensar o caos que foi feito com a cultura brasileira e a tragédia que está a Agência Nacional do Cinema (Ancine)”, conclui.