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Filme ilumina legado de Môa do Katendê, morto pela intolerância

Documentário estreia nos cinemas em 3 de agosto e conta a trajetória do artista que revolucionou o carnaval baiano com depoimentos inéditos

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Foto colorida do mestre Môa do Katendê. Ele está de roupa branca com detalhes em azul e tocando instrumentos de percussão - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do mestre Môa do Katendê. Ele está de roupa branca com detalhes em azul e tocando instrumentos de percussão - Metrópoles - Foto: Divulgação/O2 Play e Kana Filmes

O documentário Môa, Raiz Afro Mãe estreia nesta quinta-feira (3/8) nos cinemas. A produção rememora a história de vida e o legado do músico e mestre capoeirista baiano Môa do Katendê.

O artista é considerado um dos responsáveis pela revolução do Carnaval baiano com a ascensão dos blocos afro e tem grande reconhecimento na Bahia, principalmente, por ser um símbolo da resistência cultural.

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Môa do Katendê
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Môa do Katendê

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Môa do Katendê

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Em entrevista ao Metrópoles, o diretor Gustavo McNair afirmou que o mestre representava um Brasil esquecido. “Ele, como muitos artistas pretos, sofreu um apagamento por conta do racismo. Era preto, periférico, de Salvador e do candomblé. Viajava o mundo ensinando seus conhecimento e queria transformar a juventude brasileira, aproximando-os da nossa origem afro cultural”, conta o cineasta.

Nas gravações, estão depoimentos de familiares, amigos, mestres capoeiristas e de artistas como Gilberto Gil, Russo Passapusso, Letieres Leite, Lazzo Matumbi e Fabiana Cozza. Lembranças e momentos únicos de Môa são rememorados pelos convidados.

“O nome do Môa abriu todas as portas. Ele falou da produção do filme para as pessoas mais próximas, então, depois da morte, as pessoas faziam questão de falar no filme e de buscar acervo pessoal dele com fotos e vídeos”, relembra Gustavo.

Morte de Môa

O filme começou a ser produzido em 2018 e conta com depoimentos inéditos de Môa do Katendê. O documentário seria lançado com o artista ainda vivo e seria uma homenagem ao que ele tinha construído.

Em outubro de 2018, Môa foi assassinado em um bar de Salvador (BA). O crime foi motivado pela intolerância política que se estabeleceu naquele ano de eleição presidencial.

“Depois que ele morreu, a gente cumpriu um luto e foi para Salvador conhecer a família, ver a opinião deles sobre prosseguir com o filme. Nesse momento, a produção começou a ser colocada em uma região mais política. A morte dele deu a certeza que precisávamos ter um filme sobre a vida dele, mas como uma celebração, mostrando o legado do mestre”, explica o diretor.

Gustavo McNair pontua, ainda, que Môa do Katendê vivia um momento especial quando foi assassinado. O artista morreu aos 63 anos de idade, no ano em que o filme estava em pré-produção. Além disso, o mestre lançaria um álbum com músicas inéditas e tinha iniciado o projeto de um instituto no bairro em que nasceu.

“Ele estava vivendo uma fase incrível. Dava aulas na Europa e voltava com o dinheiro para a obra do instituto. Acho que ele tinha muito para mostrar… Mas a nossa sorte é que ele também deixou muito ensinamento. Ele ainda está muito presente na nossa cultura”, reflete o realizador.

Carnaval e capoeira

“A gente teve que equilibrar o lado musical e o lado capoeirista no filme. São coisas muito fortes e conviviam dentro do Môa com muita potência ao mesmo tempo.”

Gustavo McNair

O legado de Môa está presente com força no Carnaval e na capoeira, duas manifestações culturais bem brasileiras. O multiartista foi o responsável por introduzir o badauê com os blocos afro na festividade baiana.

No documentário, é possível ver uma explicação sobre o movimento carnavalesco provocado pelo cantor e compositor: “As músicas do Môa ajudam a contar a história de vida e artística dele”.

Para além da música, Môa do Katendê também foi influente na capoeira. Praticante da expressão cultural desde criança, fez parte da 2ª grande geração de capoeiristas e dedicou parte da vida ao movimento. Depois que se tornou, oficialmente, mestre, deu aulas e oficinas de capoeira pelo mundo inteiro.

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