Fake news, ódio e autoritarismo: cultura pop aborda temas políticos atuais
Produções da Netflix, como Rede de Ódio e 3%, debatem as questões que estão no noticiário político
atualizado
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O noticiário político atual está recheado de notícias falsas, propagação de ódio, aumento da desigualdade e temor sobre o crescimento de uma mentalidade autoritária. O debate chegou, também, às recentes produções da cultura pop.
Na Netflix, especificamente, dois lançamentos recentes debatem esses temas de maneira explícita. Um é o filme polonês Rede de Ódio, o outro trata-se da série brasileira 3%, que estreou sua quarta e última temporada.
Em Rede de Ódio, o espectador segue a história de Tomasz Giemza (Maciel Musialowski). Um jovem que, após ser expulso da faculdade de direito e humilhado por seus financiadores, passa a trabalhar em uma agência de propaganda especializada em “viralizar” conteúdos preconceituosos e extremistas.
O longa, então, debate temas contemporâneos, como a divulgação de conteúdo de ódio e notícias falsas. Outro ponto abordado é que a ação é financiada por um grupo político, tema que também é alvo de discussão na sociedade atualmente.
Para o professor de Comunicação Social Eduardo Brito da Cunha, da Universidade de Brasília (UnB), cada vez mais produções artísticas e culturais vão abordar os temas.
“Essa questão das fake news está sendo muito discutido, não só no Brasil, mas em nível mundial. No exterior, inclusive, tem muito mais material publicado do que no Brasil”, avalia o professor.
Se as obras da cultura pop ajudam a difundir o tema, há ainda muito a ser feito para combater a difusão de conteúdos de ódio. “Já sabemos como funciona a difusão dessas mensagens, precisamos lidar com as consequências disso”, avalia o especialista.
Desigualdade e autoritarismo
A série nacional 3%, primeira produção brasileira da Netflix, sempre teve como pano de fundo a discussão dobre as desigualdades sócio-econômicas. A novidade na quarta e última temporada é o debate sobre polarização e autoritarismo.
Causa/Concha e Maralto vivem uma guerra particular e, em certa medida, esquecem das consequências para os 97%, que moram no continente.
A atriz Bianca Comparato, em entrevista ao site AdoroCinema, apontou as similaridades da série com o momento atual do Brasil.
“Para mim, é muito parecido com a sociedade atual sim, principalmente a divisão ideológica que se deu no mundo e no Brasil sofreu muito com essa divisão, não só dos políticos mas do povo também, de direita e esquerda – que eu não vejo dessa forma, acho muito mais complexo que isso”, comentou.
A atriz, então, acredita que 3% traz um discurso de superação dos polos antagônicos.
“Essa é a grande liberdade, quando o ser humano perceber que cada indivíduo tem sua responsabilidade no mundo e que a gente ficar só repetindo padrões ou seguindo ordens vem se provando como muito caótico. E a série aponta para isso”, concluiu Comparato.