Saiba tudo sobre a exposição de Basquiat no CCBB Brasília
Com espaço interativo e homenagens de artistas brasileiros, proposta do espaço é situar o visitante no universo do pintor
atualizado
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As obras de Jean-Michel Basquiat chegaram a Brasília e estarão disponíveis ao público a partir do próximo sábado (21/4). A exposição do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) passou pela unidade paulistana e ficará em exibição na capital federal até 1º de julho, quando seguirá para Belo Horizonte e, depois, Rio de Janeiro.
“A gente viu em São Paulo que Basquiat atrai o público jovem. A reação nas redes foi incrível. Os millennials o veem como um ‘cara da galera’, embora tenha morrido há mais de 30 anos”, brinca o holandês Pieter Tjabbes, curador da exposição e historiador da arte. A influência do artista norte-americano pode ser comprovada pela quantidade de mostras dedicadas a ele pelo mundo. Em Brasília, são mais de 100 obras expostas – sete delas não estavam disponíveis em São Paulo.O sucesso entre o público jovem gera, por parte do curador, uma preocupação. A interação com as peças tem de ser cautelosa: a obsessão juvenil em postar fotos nas redes sociais pode causar prejuízos. “Quanto mais selfie fora do espaço de exposição, melhor para as obras. Facilita também a experiência dos visitantes, que não perdem tanto tempo fotografando”, argumenta.
A mostra conta com um espaço interativo no Pavilhão de Vidro (galeria externa do CCBB) para situar os visitantes no mundo de Basquiat. “Não podemos pressupor que as pessoas conheçam Nova York, onde era o ambiente dele”, lembra Tjabbes. Do lado de fora do prédio, a organização replicou a linha do horizonte da cidade nos anos 1980 e, dentro, painéis de fotos e mapas do Brooklyn e Manhattan – um ótimo ponto para selfies. A instalação abriga homenagens de grafiteiros brasileiros ao colega gringo, incluindo uma obra do brasiliense Onion.
Embora a obra de Basquiat seja extensa, sua carreira foi curtíssima: não durou nem uma década. Nascido e criado no Brooklyn, filho de um contador haitiano e uma americana filha de imigrantes porto-riquenhos. A família era de classe média e, graças aos pais, ele teve acesso a arte, exposições e jazz. Em suas pinturas, essas memórias se misturam aos desenhos animados da infância.
Outro ponto interessante é o fascínio do pintor com as formas humanas. Aos 7 anos, sofreu um acidente de carro e teve alguns ferimentos internos. Ele ganhou da mãe o famoso livro de anatomia Gray’s Anatomy, que lhe serviu de referência durante toda carreira. Tempos depois, passou a pichar frases e poesias em Manhattan, ao lado de amigos, e, daí, nasceu a admiração pelo grafite. Em suas obras, ele usou spray e técnicas da arte, embora nunca tenha se considerado grafiteiro.
Quando Basquiat foi notado por suas pinturas, no início dos anos 1980, conheceu sua primeira mecenas: Annina Nosei, uma galerista italiana. Ela cedeu a ele o iluminado porão de sua casa, tintas ilimitadas e telas enormes. Logo, a comunidade artística nova-iorquina soube da galeria underground onde estava preso um menino negro e selvagem. Ver como as pessoas o percebiam, deixou marcas na vida e na obra do pintor.
Isso o machucou muito. Ele viu que sua posição no mundo artístico era única e ficou mais atento ao espaço do negro na arte e na sociedade americana
Pieter Tjabbes
A arte de Basquiat é subversiva, urgente, intuitiva. Suas telas não são centralizadas, todo espaço é válido para ocupação. Mesmo quando tinha dinheiro, procurava suportes alternativos: portas, estrados de madeira, janelas e dobradiças. “As obras dele são muito atuais, poderiam ter sido feitas hoje. Talvez por isso ele seja tão popular. Ele reagia de forma imediata aos pensamentos, como em uma notícia nas redes sociais”, diz o curador.
Jean-Michel Basquiat – Obras da Coleção Mugrabi
De 21 de abril a 1º de julho, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Trecho 2, Lote 22). Visitas de terça a domingo, das 9h às 21h. Ingressos gratuitos devem ser resgatados na bilheteria ou no aplicativo do CCBB. Entrada franca. Classificação indicativa livre