Referência Galeria de Arte comemora 20 anos e abre sua coleção

Um dos mais ativos e longevos espaços comerciais para arte em Brasília, a Referência Galeria de Arte festeja a própria história e reúne 38 autores contemporâneos para a mostra “Parede Cheia de Histórias”, que segue em cartaz até 5/12. Comemorando redondos 20 anos de atuação, a marchand Onice Moraes abriu o estoque e apresenta — de uma só vez — pinturas, desenhos, gravuras, instalações e objetos.

A arte de Brasília, que sempre foi o norte da Referência, ganha evidente destaque nesta exposição. A partir da presença de Gê Orthof. Vale lembrar que Gê foi o nome escolhido por Onice para uma mostra individual assim que a Referência saiu do shopping CasaPark e se abrigou no endereço atual, a comercial da 205 Norte, mais conhecida como Babilônia Norte.

Caixinhas de música em aquários
Há exato um ano, Gê Orthoff cavucou suas raízes judaicas e levantou por lá a mostra “Ha-gaz-Ah”. Desta feita, um par de miúdas e delicadas instalações de Gê, criadas a partir de caixinhas de músicas e erguidas dentro de uma espécie de aquários, ocupa o centro da pequena sobreloja (foto ao alto). Elas fazem parte da série “Sonhadores” e servem como centro gravitacional para as telas que agora se abrem nas paredes ao seu redor.

Entre os artistas ali reunidos, encontra-se, por exemplo, Raquel Nava, ex-aluna e ex-colega de ateliê de Gê Orthof. Raquel expôs na Referência há dois meses e agora reaparece com uma das pinturas que compuseram aquela sua mostra individual “Passeio Selvagem”. Carolina Vecchio, André Santangelo, David Almeida e Rodrigo Godá são outros jovens autores da cidade que pontuam esta coletiva após recentes individuais na galeria.

E Francisco Galeno, já veterano, não poderia ficar mesmo de fora, uma vez que a trajetória do artista piauiense está intimamente ligada a Brasília — e à Referência em particular. Aqui ele se faz representar  por “Chuva”, um desenho em que seu traçado minimalista e suas conhecidas formas geométricas perdem aquele usual colorido e movimentam um cenário em preto e branco.

Uma sala não é o bastante
Mas esta exposição não traz apenas artistas de Brasília. O visitante da Referência é imediatamente recebido, já na vitrine da galeria, por uma recente pintura de Carlos Vergara, da série “Telhados” (2015). Logo na sequência, uma fotografia de Alex Flemming (acima) subverte um dos mais caros cartões postais da capital federal, a “Catedral”, um tanto fora de foco e milimetricamente tremido.

Assim o visitante é conduzido a adentrar a Referência. Além do gaúcho-carioca Vergara e do paulistano-berlinense Flemming, nomes de apelo nacional como a goiana Shirley Paes Leme e o mineiro Amílcar de Castro também estão nesta “Parede Cheia de Histórias”.

Aliás, como o próprio nome da exposição sugere, as paredes aqui estão repletas, apinhadas de obras. E a sala da Referência que habitualmente abriga as exposições desta vez não deu conta de receber todos os envolvidos. Excepcionalmente, a visita continua na sala contígua, um espaço que normalmente é destinado apenas para atividades administrativas e para guardar peças do acervo. Nessa segunda metade da mostra, porém, o rigor expositivo acaba se afrouxando e a visitação passa a depender mais do interesse específico de um eventual comprador.

As obras custam entre R$ 480 e R$ 150 mil.

Até 5/12, na Referência Galeria de Arte (205 Norte, Bloco A, Loja 9; 3363-3501). De segunda a sexta, das 12h às 19h; sábado, 12h às 17h. Entrada franca. Livre.