“Reconvexo Itinerante” promove jogos de luzes e imagens
Coletiva nacional de videoarte e arte computacional ocupa as duas galerias Piccola da Caixa Cultural
atualizado
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Criado no Recôncavo Baiano, o “Festival Reconvexo” pretende traçar painéis quentes da videoarte e da arte computacional brasileiras. Para fazer os artistas envolvidos circularem pelo país, os produtores do evento promovem também o “Reconvexo Itinerante”, uma espécie de turnê que estaciona na Caixa Cultural até 1º de novembro.
Oportunidade para o brasiliense tomar contato com uma arte ainda selvagem, não domesticada, ainda arisca às grandes galerias e aos museus institucionais. Mesmo que muitos desses trabalhos sejam dóceis e amigáveis. Várias das obras, aqui espalhadas em ambas as galerias Piccola da Caixa, buscam a cooperação do visitante, através de elementos de interação. No entanto, destacam-se do conjunto um par de videoinstalações de natureza mais contemplativa, exigindo do espectador um outro tipo de parceria.
“Fé” (2011), do mineiro Fernando Rabelo, traz um antigo oratório de madeira. O objeto brilha sob uma projeção de vídeo, enquanto quatro velas queimam em seu interior. Rabelo promove assim um jogo de sugestões entre o que é real e o que é imagem, ao mesmo tempo em que dialoga com o seminal legado de seu conterrâneo Farnese de Andrade.
Documentário impressionista
De estrutura parecida, “A Caixa das Memórias Guardadas” (2011), do também mineiro André Amparo, é um caixotinho vazado que abriga, em seu bojo, cinco pequenas telas. Cada uma delas lentamente acende e lentamente apaga, entre ruídos de estática, trazendo cenas cotidianas de um casal, como em um documentário impressionista.
Entre os nomes locais convidados para tomar parte desta mostra está Márcio H. Mota. Realizador dos mais perturbadores da cena brasiliense, o artista visual apresenta a inédita “Boneco a Cavalo” (2015). Como o título sugere, ele criou mais um de seus bonequinhos de gesso, desta vez um garoto montado num cavalo. Sobre essa superfície lisa e fria, Mota projeta um vídeo que imprime cores e feições e estampas nesse personagem, num resultado entre o infantil e o francamente tenebroso.
Infelizmente, os primeiros dias de exposição vêm sofrendo com a montagem. Por problemas técnicos, algumas das obras não puderam ser exibidas. Inclusive as duas peças de Eder Santos, um dos pais da videoarte brasileira e artista homenageado deste “Reconvexo Itinerante”.
Até 1º de novembro, na Caixa Cultural (Setor Bancário Sul, Quadra 4, Lotes 3 e 4; 3205-9448). Terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada franca. Livre.