Pesquisadores alegam que tela O Grito precisa de isolamento para sobreviver
Cientistas de diversos países, incluindo o Brasil, afirmam que a respiração das pessoas e a exposição à luz afetam a tinta usada na obra
atualizado
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Quadro do pinto norueguês Edvard Munch, o famoso O Grito mostrou que também precisa do distanciamento social imposto pelo coronavírus. Cientistas passaram três anos investigando a perda de brilho e de intensidade da tinta amarela usada na versão do Museu Munch, em Oslo, pintada no ano de 1910.
Uma das hipóteses que julgam os cientistas é de que a luz estivesse desbotando o quadro. Mas, após mapear a superfície com equipamentos especiais, analisar tintas e outros métodos, pesquisadores de 18 países diferentes, sendo um deles do Brasil, descobriram um outro fator que influencia na obra.
Nas faixas amarelas do pôr-do-sol, no pescoço do homem que grita e na massa espessa do lago, Munch usou uma tinta com pigmentos impuros, que, sob umidade, como a exalada pela respiração humana, sofre transformações químicas e pode descamar.
“Ter multidões de pessoas por longos períodos de tempo na mesma sala do trabalho não é, de fato, uma boa ideia, e o distanciamento social é perfeito para esta pintura”, explicou a especialista americana em análise científica de obras de arte Jennifer Mass, que participou da investigação.
Segundo Koen Janssens, professor de física da Universidade de Antuérpia e também integrante da pesquisa, as pessoas exalam cloretos quando respiram: “Para pinturas em geral, não é saudável estar muito perto da respiração humana”.
Nova locação
Recuperada após um roubou em 2004, a obra foi exposta poucas vezes desde 2006. Com manchas escuras de água e para evitar mais desgastes, ela ficou guardada sob baixa iluminação, temperatura de 18º C e umidade relativa de 50%.
Após as pesquisas, O Grito deve ganhar novas instalações ainda mais secas, com 45% de umidade relativa, segundo Irina Sandu, cientista de conservação do museu.