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Mostra traz fotos grotescas e surreais de Roger Ballen para Brasília

Ambientes inóspitos, poses estranhas e feições assustadoras são comuns em seus registros e dão o tom da exposição “Transfigurações”

atualizado

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Reprodução
Filhote de cachorro entre os pés, 1999, da série Outland – Cópia
1 de 1 Filhote de cachorro entre os pés, 1999, da série Outland – Cópia - Foto: Reprodução

É quase impossível olhar para as fotos do nova-iorquino Roger Ballen, de 67 anos, e não sentir alguma espécie de repulsa. Ambientes inóspitos, poses estranhas e feições assustadoras são comuns em seus registros e dão o tom da exposição “Transfigurações”, em cartaz na galeria principal da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul).

Porém, é essa retrospectiva — a primeira do fotógrafo no Brasil — que prova o toque magistral do artista: é impossível desviar o olhar de seus registros. A estética do grotesco, que garante um ar surreal às fotos, comprova que o belo não é necessário para a reflexão e apreciação da arte.

Suas imagens são costuradas pela escolha singular das pessoas, dos objetos e do espaço que são fotografados, pela estranheza de gestos, pela relação sui generis entre os elementos que compõem a imagem, além de evocarem uma proximidade entre humanidade e animalidade.

Daniella Géo, curadora da exposição

A mostra também conta com uma expografia peculiar. As fotos são distribuídas em temas temporais por paredes pintadas em tons escuros e pouco iluminadas. Tudo para que o visitante seja inserido no universo grotesco apresentado pelo fotógrafo.

9 imagens
"Cabeça dentro de camisa" (2001), da série "Shadow Chamber"
"Arames rodopiando" (2001), da série "Shadow Chamber"
"Estalagem" (2008), da série "Boarding house"
"Imitação" (2005), da série "Boarding house"
"Fragmentos" (2005), da série "Boarding house"
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"Hora do almoço" (2001), da série "Shadow Chamber"

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"Cabeça dentro de camisa" (2001), da série "Shadow Chamber"

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"Arames rodopiando" (2001), da série "Shadow Chamber"

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"Estalagem" (2008), da série "Boarding house"

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"Imitação" (2005), da série "Boarding house"

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"Fragmentos" (2005), da série "Boarding house"

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"Engaiolado" (2011), da série "Asylum of the Birds"

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"Assembleia" (2011), da série "The Theatre of Apparitions"

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"Reposição" (2010), da série "The Theatre of Apparitions"

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Por dentro da mostra
As séries “Shadow Chamber” (2000-2004), “Boarding House” (2005-2008) e “Asylum of The Birds Series” (2008-2013) são, de fato, as mais perturbadoras. Temas como loucura, perversão, desespero e reclusão tomam conta das fotos de Ballen. Foi com esses trabalhos que o artista saiu da representação fiel dos seres humanos, partindo para um imaginário psicológico repleto de crueldade e pavores insolúveis.

Também se destacam os retratos da série “Platteland” (1986-1994) e “Outland” (1995-2000), ambas realizadas em subúrbios e cidades rurais da África do Sul, país em que o fotógrafo vive desde 1982. Ali, percebe-se o uso da técnica da fotografia documental, mas com os objetivos de acentuar os traços surrealistas que “animalizam” as pessoas.

7 imagens
"Filhote de cachorro entre os pés" (1999), da série "Outland"
"Eugene ao telefone" (2000), da série "Outland"
"Sargento F de Bruin, Funcionário do Departamento de Prisões, OFS" (1992), da série "Platteland"
"Dresie e Casie, gêmeos" (1003), Transvaal Ocidental, da série "Platteland"
"Menino Explodido" (1976), Malásia Oriental, da série "Boyhood"
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"Brian com porco de estimação" (1998), da série "Outland"

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"Filhote de cachorro entre os pés" (1999), da série "Outland"

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"Eugene ao telefone" (2000), da série "Outland"

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"Sargento F de Bruin, Funcionário do Departamento de Prisões, OFS" (1992), da série "Platteland"

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"Dresie e Casie, gêmeos" (1003), Transvaal Ocidental, da série "Platteland"

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"Menino Explodido" (1976), Malásia Oriental, da série "Boyhood"

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"Quarto de trabalhador de ferrovia" (1984), De Aar, da série "Dorps"

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Ao fim, vale a pena prestar atenção na série “The Theatre of Apparitions” (2005-2013), a última concluída pelo artista e apresentada ao público pela primeira vez na retrospectiva brasileira. Nela, o artista cria imagens em vidros para fazer representações do inconsciente. O tom assustador, surrealista e provocador continua presente, é claro.

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