Indígenas explicam ao público a exposição Yawalapiti – Entre Tempos
Imagens captadas pelo francês Olivier Boëls mostram, pela primeira vez, rotina e rituais da tribo do Alto Xingu
atualizado
Compartilhar notícia
Na exposição fotográfica Yawalapiti – Entre Tempos, em cartaz de 19 de abril a 20 de maio, no Museu Nacional da República, os visitantes terão a oportunidade de beber do conhecimento indígena direto da fonte. Isso porque a mostra, assinada pelo francês Olivier Boëls, é feita em parceria com os moradores da tribo xinguana, localizada no Parque Indígena do Xingu.
Pela primeira vez, 80 imagens retratam a colorida e rica cultura do povo. “Não é uma exposição sobre índios comuns, aqueles que as pessoas estão acostumadas a ver”, ressalta Olivier. Em Entre Tempos, cerca de 100 membros da própria comunidade se revezarão, durante todo o período do evento, na mediação com os visitantes.
Os próprios índios explicarão os rituais e os momentos do cotidiano registrados pelas lentes de Olivier Boëls. As legendas e os textos explicativos também foram escritos pelos Yawalapiti, que farão pinturas corporais, apresentações de danças, cantos e músicas.“É a oportunidade perfeita para as pessoas não só conhecerem a beleza desse povo, mas conviverem de maneira mais próxima e em conexão com o espírito da comunidade”, afirma o fotógrafo.A mostra faz parte da programação oficial do 58º Aniversário de Brasília.
Povos tradicionais
Olivier Boëls conheceu os Yawalapiti em 2012, quando foi convidado para fotografar um Kuarup, cerimônia funeral em homenagem à Darcy Ribeiro. “Fiquei três semanas com eles e gostei muito do resultado”, relembra.
Esta não é a primeira vez que o fotógrafo se envolve com a temática de povos tradicionais. “Não sou especialista, mas sempre tive muita curiosidade por essas questões”, conta Oliver. O francês já teve experiências com os hindus, na Índia, na comunidade remanescentes de quilombolas Kalunga e até no santuário dos pajés, em Brasília.
Sustentabilidade
“Eu não sou antropólogo e acredito não haver ninguém mais qualificado para falar da sua cultura que as pessoas que as vivenciam. Quando se discute sustentabilidade, dão mais credibilidade a alguém com diploma, mas não ouvem os índios, povos integrados à natureza”, acredita Olivier.
De acordo com o fotógrafo, as diversas viagens até a tribo o fizeram perceber como os moradores do Xingu não separam a sua existência da natureza. “As histórias sobre a mitologia e cosmologia do povo falam da facilidade do ser humano se transformar em animal. É o mais encantador”, conclui.
Yawalapiti – Entre Tempos
De 19 abril a 20 de maio, no Museu Nacional da República (Esplanada dos Ministérios). Visitação: de terça-feira a domingo, das 9h às 18h30. Entrada franca. Informações: (61) 98180-4044 ou (61) 3325-5220. Classificação indicativa livre