Cinco caminhos para descobrir João Angelini
O “Metrópoles” traz diferentes momentos do versátil artista plástico brasiliense, que se espalha por diferentes linguagens
atualizado
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Com um trabalho que se desdobra entre pintura e gravura, percorrendo as fronteiras do vídeo e envolvendo-se com a performance, o artista brasiliense João Angelini parece sempre guardar uma surpresa, um olhar diferente sobre o que já foi feito, o que já está conhecido e domesticado.
Dois dos mais quentes espaços para as artes na cidade abriram as portas para João Angelini nestas últimas semanas. Neste sábado (19/12), a mostra “Entre-Quadros” sai de cartaz na Alfinete Galeria, levando com ela a recente produção de Angelini em vídeo. No entanto, a mostra “A Seco” segue em cartaz na Referência Galeria de Arte até 16/1, apresentando trabalhos do artista em pintura e gravura desenvolvidos desde 2013.
Para sinalizar alguns dos caminhos de João Angelini, o Metrópoles traz aqui cinco momentos de sua carreira…
Destaque da mostra “Entre-Quadros”, a vídeo-instalação “O Poeta e o Pornógrafo n 4” (2015) faz parte de uma série que João Angelini vem desenvolvendo paulatinamente. Trabalhando com cores básicas (vermelho e azul) em um par de vídeos rodados simultaneamente em dois aparelhos de televisão, ele brinca com ritmo e perspectiva, espacialidade e contaminação, além de descarregar uma leve e subliminar carga erótica.
Explorando a linguagem do vídeo dentro da perspectiva do decurso do tempo, João Angelini lança mão da música para pontuar sonoramente a passagem temporal. Dentro de uma série informal de vídeo-instalações sonoras, o artista chama a atenção para “Funk de 4” (2014). Nessa peça, o ritmo do funk carioca é esquadrinhado em diferentes canais e fica, literalmente, quicando em descargas de estática ao redor de quatro televisores empilhados.
Integrante do coletivo EmpreZa, voltado para performances, João Angelini desenvolve em paralelo vídeos individuais em que usa o gesto performático para trabalhar a linguagem visual e revisitar a questão de tempo e espaço. Neste vídeo protagonizado por ele próprio, “Ciclo” (2015), o artista afia um espírito crítico próximo ao EmpreZa valendo-se apenas de duas técnicas artesanais de animação quadro a quadro: stop motion e pixilation.
Quebra-cabeças preferido de João Angelini, a série “Dinheirinho” se desdobra em puzzles feitos com notas de dinheiro. As cédulas (verdadeiras) são coladas em um papel paraná, frente e verso, que por sua vez é recortado com plasma. A peça acima pertence à subsérie “Blocos Econômicos”(2012), em que o artista embaralha notas de diversas procedências. Tem feito sucesso no mercado de arte, de acordo com a Galeria Leme, de São Paulo.
Lascas de tinta, descolando-se das paredes com a ação do tempo, apontaram para João Angelini o início do caminho que o levaria até a mostra “A Seco”. Em cartaz na Referência, a exposição traz pinturas feitas ao contrário. Angelini passou camadas uniformes de tinta sobre placas de gesso e, bisturi à mão, raspou-as para formar desenhos. Também está na galeria esta peça no detalhe acima, formada por resquícios da tinta de seu quarto de infância, embrião de todo o trabalho.
“A Seco”. Até 16/1, na Referência Galeria de Arte (205 Norte, Bloco A, Loja 9; 3363-3501). De segunda a sexta, das 12h às 19h; sábado, 12h às 17h. Entrada franca. Livre.
“Entre-Quadros”. Até sábado (19/12), na Alfinete Galeria (116 Norte, Bloco B, Loja 61; 9981-2295). De quarta a sábado, das 15h às 19h30. Entrada franca. Livre.