Brasiliense Murilo Frade expõe obras em galerias internacionais
Murilo Frade, 61 anos, reproduz paisagens da capital federal marcada de cores intensas e vira alvo de galerias europeias e norte-americanas
atualizado
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Nascido no ano da inauguração da capital federal, no dia do aniversário de Juscelino Kubitschek (12/9), o arquiteto de formação Murilo Frade tem projetado Brasília para o cenário nacional e internacional por meio de suas obras artísticas geométricas que reproduzem as paisagens e a personalidade da cidade. Aos 61 anos, ostenta um acervo de telas marcadas por cores intensas que revelam seu aspecto inusitado: ele é daltônico. A condição não o impediu de ser descoberto, o artista plástico está presente nos corredores do Congresso Nacional e é alvo de galerias internacionais.
Murilo enfrenta um daltonismo considerado severo e raro, uma vez que os portadores têm dificuldade de distinguir o verde do vermelho, enquanto ele luta também com os azuis, cinzas, violetas, roxos, rosas e marrons: “Meu mundo é mais colorido do que o das pessoas normais. Faço disso o meu descompromisso com os padrões”, declara o arquiteto brasiliense.
Suas obras singulares, onde são impressas suas limitações, vêm chamando atenção de exposições europeias e norte-americanas. O último convite foi para expor no prestigiado evento Modern and Contemporary Art Show/Art Marbella 2021, da igualmente célebre Van Gogh Art Gallery, sediada em Madri. Foi a segunda convocação dessa galeria; a primeira foi para um festival em Insbruck (Áustria). No ano passado, já havia sido convidado a expor em Nova York pela Agora Gallery; e, antes, pela MADS Art Gallery, de Milão, para integrar a vernissage digital Dream Room.
“Nada mal para um daltônico que imprime nas telas as cores, formas e luz brasilienses, mesclando as influências do geometrismo, neoplasticismo e concretismo típicos de Brasília, e do Modernismo que inspirou sua concepção”, destaca, afirmando que seu abstracionismo é ferramenta de constante desconstrução/reconstrução dos elementos urbanos.
Seu acervo de pinturas abstracionistas e geométricas representa, segundo suas próprias palavras, uma volta às origens, já que em 1970, ainda criança na escola primária, venceu um concurso público do GDF de pintura infantil, comemorativo dos 10 anos de Brasília. Foi primeiro lugar retratando uma superquadra da Asa Sul, já com a característica de elementos organizados e geométricos feitos com guache. Sem contar, claro, seus posteriores estudos e trabalhos em Arquitetura e Urbanismo, graduação feita na UnB.
A afeição do arquiteto pela cidade vai além dos principais pontos turísticos do Distrito Federal, como a Catedral e os Palácios dos Três Poderes. Os locais preferidos de Murilo Frade são aqueles que guardam lembranças e memórias de sua infância.
“O espaço urbano que mais gosto é o interior da Superquadra Sul 308, concebida como quadra residencial modelo da cidade. Não só pelo aspecto arquitetônico, mas também pelo paisagismo que faz dali um lugar especial, repleto de referências para quem, como eu, cresceu, brincou e colecionou memórias naquele ambiente”, explica Murilo, que tem em Burle Marx um ídolo que mescla paisagismo e pinturas icônicas.