Após reabertura do MAB, GDF quer projetar complexo cultural na área
Secretário afirmou ter planos de movimentar área da orla do Lago, onde o espaço está localizado
atualizado
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Depois de 14 anos fechado e algumas reformas frustradas nesse intervalo, o Museu de Arte de Brasília (MAB) está pronto para ser reaberto ao público. O espaço foi reinaugurado simbolicamente nesta quarta-feira (21/4), data em que Brasília comemora 61 anos, com instalações modernas, ventilação e ambientação adequadas para a conservação das obras e planos de retomar o calendário de exposições em breve.
Apesar do decreto publicado nessa terça-feira (20/4) pelo governador Ibaneis Rocha autorizando a reabertura de museus e a realização de exposições de arte no Distrito Federal, o MAB seguirá fechado por enquanto, devido a algumas “burocracias”.
Entre elas, está a licitação da empresa que fará a movimentação do acervo, atualmente dividido entre o Museu Nacional e o Museu Vivo da Memória Candanga. “Precisamos, primeiro, ter uma estimativa do valor dessas obras”, explica o gerente do MAB, Marcelo Gonczarowska.
O secretário de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues, acredita que o processo não será demorado. Há, inclusive, novos planos em vista, depois que essa etapa for concluída. “Tivemos um empenho muito grande nessa reforma porque consideramos o MAB como um um equipamento essencial à nossa gestão. E projetamos o espaço pensando no contexto maior. Ambicionamos, por exemplo, transformar esse terreno em frente, que liga o Museu à Concha Acústica, em um grande complexo cultural. Estou aceitando sugestões de nome”, afirmou.
Acervo invejável
Ao todo, o local deve reabrir com as 1,3 mil obras que já lhe pertenciam, além de outras doadas especialmente para a reabertura. O conjunto inclui uma coleção de 10 gravuras de Tarsila do Amaral e outros modernistas, como Alfredo Volpi.
Outro destaque é um conjunto volumoso de criações de Rubem Valentim, além do ateliê deixado pelo artista de forma intacta após a sua morte em 1991, que ficará em exposição permanente. Uma das obras é Composição nº 10, óleo sobre tela com o qual o artista ganhou o prêmio de viagem ao exterior no Salão Nacional de Arte Moderna de 1962.
Na nova fase, o espaço também irá expor peças de designers da capital, começando com o trabalho de Aciole Felix, Raquel Chaves, Danilo Vale, Carol Nemoto, Fred Hudson e Lígia de Medeiros.
“Na reabertura, o MAB contou com a generosidade de colecionadores, designers e artistas para completar lacunas na coleção. Entre obras de arte e móveis, o museu recebeu doações que beiram os R$ 350 mil”, relata.
Marcelo Gonczarowska, gerente do MAB
Marcelo garante que o grande acervo de arte nacional continuará a ser prestigiado. Além da exposição sobre a Semana de 22, prevista para o segundo semestre de 2022, a reabertura da visitação pública se voltará à história da arte do DF. A ideia é priorizar pesquisa sobre suas coleções e sobre a arte distrital, a fim de “funcionar como um polo para pesquisadores e interessados no assunto”.
Reforma do espaço custou R$ 9 milhões
Fechado em 2007 por causa de problemas estruturais, o MAB passou por reforma estimada em R$ 9 milhões, que expandiu seu espaço em mais de 500 m². A requalificação total do interior do prédio, com mudança de layout, ampliou a galeria do 1º pavimento para mais de 1.022 m² de área útil, quando antes não chegava a 1.000 m².
O Metrópoles foi convidado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa para conhecer novas instalações do prédio, que segue vazio, exceto pelo Parque de Esculturas localizado na área externa, outra novidade em relação ao projeto original. A coleção de grandes objetos de arte conta com 12 peças de artistas locais, como Miguel Simão, Mara Nunes, Darlan Rosa, Sanagê Cardoso e Omar Franco, com exceção da assinada por Franz Weissmann.
No interior, as principais novidades são qualidade do sistema de ar-condicionado, adequado a instituições museológicas; sistema de prevenção a incêndio; instalação de paredes em drywall em frente às janelas, para evitar o ingresso de luz solar e raios UVA e UVB; e a inauguração de um laboratório de conservação e restauro — um dos únicos planejados com essa finalidade no DF.
Há, ainda, uma reserva técnica destinada ao armazenamento das obras que não estão sendo expostas e uma “sala de quarentena”, usada para adaptar novas peças ao clima do museu e evitar que elas tragam pragas, como cupins, para o acervo já instalado.
O salão principal também segue o idealizado por Abel Carnauba Accioly, nos anos 1980, sem paredes fixas. Assim, cada exposição pode ter seu próprio projeto expográfico, proporcionando experiências diferentes ao público, no mesmo espaço.
O design também passou por mudanças significativas. “Antigamente, o MAB possuía uma pintura azul que, às vezes, confundia-se com o céu. Estava praticamente toda desgastada quando o projeto chegou até nós. A ideia foi dar uma roupagem de arquitetura moderna utilizada em Brasília, fazendo uma homenagem à antiga cor do MAB como um ritual de passagem do antigo para o novo, usando um degradê de azul numa das fachadas”, explicou o arquiteto e urbanista Thiago Morais de Andrade, da Novacap.
Outra intervenção que dialoga com aspectos típicos da construção da capital foi a inserção de cobogós em parede do subsolo para melhorar a iluminação, ventilação e privacidade à parte das instalações. Uma rampa sinuosa fará o acesso da área externa do subsolo até o nível térreo externo.
A instalação de um restaurante no térreo também está prevista. “Brasília é uma obra de arte por si só, mas queremos que aqui seja um ponto de encontro nacional a artistas e amante das artes, que atraia grandes eventos, inclusive internacionais”, completou Rodrigues.