Em apresentação de Anitta, R2 dá show de acessibilidade
Priorizando uma festa inclusiva, sem assédio e preocupada com o meio ambiente, a produtora trouxe estrutura exemplar ao Parque da Cidade
atualizado
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O Carnaval é uma das festas mais democráticas do mundo. Foliões de todos os lugares, cores, credos, classes sociais e orientações sexuais aproveitam, cobertos de glitter, quatro dias de liberdade. Com base em três pilares – acessibilidade, sustentabilidade e combate ao assédio –, o Carnaval no Parque, da R2 Produções, tenta (e consegue) unir em um ambiente acolhedor todas essas diferenças.
Nessa quinta-feira (28/2), o pré-show de Anitta, uma das atrações mais aguardadas e concorridas do empreendimento, foi um exemplo de inclusão. Bailarinas do grupo brasiliense Street Cadeirante aqueceram a plateia com coreografias de músicas de sucesso nas rádios. E, durante a apresentação da cantora, uma intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) traduziu os hits no telão principal e deve repetir a dose em pelo menos um show em cada dia de evento.
Um dos bares da festa, completamente adaptado a cadeirantes, é cercado de rampas e tem o balcão mais baixo do que o comum. Para encontrá-lo, basta seguir os mapas táteis com frases em braile distribuídos pelo espaço montado na Praça das Fontes, no Parque da Cidade. E, atendendo ao público, há garçons deficientes auditivos.
“Nós que precisamos nos adaptar a eles. Os meninos leem os lábios do cliente para entender o pedido e desenvolveram um código para se comunicar com o estoque. Não é preciso intérprete e todos se entendem muito bem”, explica Juliana Jobim, da R2. Ela conta que também há um site específico para idosos e pessoas com deficiência.
O Carnaval no Parque também aderiu à campanha contra o assédio sexual durante as festas e faz um bom trabalho explicando o básico do respeito ao sexo oposto. Logo na entrada do evento, as mulheres podem estampar na pele um adesivo da campanha Não é Não, e os banheiros masculino e feminino são cobertos de cartazes empoderadores (para elas) e com dicas contra o assédio (para eles).
A convite da R2 Produções, a embaixadora da Women’s Entrepreneurship Day Organization (WEDO) no Brasil, Cristina Castro, convidou ativistas que atuam em variadas ações de combate à violência contra a mulher. O Metrópoles esteve presente, representando o projeto Elas por Elas – que, ao longo de 2019, contará a história de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal.
Também antes do show de Anitta, a produção exibiu nos telões do palco principal um videomanifesto exaltando o respeito às diferenças e reforçando que ali não há espaço para assédio ou violência.
Sustentabilidade
Outro pilar da edição 2019 do Carnaval no Parque é a preocupação com o meio ambiente. Por isso, o objetivo da produtora é desaparecer sem deixar rastros após a última festa. Quem estiver preocupado com o uso de canudos plásticos e as tartarugas pode ficar tranquilo: os produtos usados pelo evento são biodegradáveis.
O papel higiênico dos banheiros é hidrossolúvel (deve ser jogado no vaso sanitário, onde se dissolverá), e as bebidas são servidas em copos reutilizáveis – os desenhos que estampam as unidades foram feitos por grafiteiros da cidade. Quanto ao lixo, 95% serão reaproveitados, e 100% dos resíduos orgânicos serão transformados em adubo.
A estrutura do evento e a atenção aos detalhes é impressionante e tudo funciona muito bem. Os aplausos recebidos por Anitta podem ser aproveitados pela produtora, que faz um ótimo trabalho agitando o Carnaval brasiliense. A única dificuldade ainda é o acesso à festa: o aplicativo segue apresentando bugs e, algumas vezes, desaparece com o ingresso do cliente. Se isso acontecer com você, a dica é seguir até o concierge para resolver o problema.