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Em alta na pandemia, podcasts apostam em novelas e séries de ficção

O Brasil se estabeleceu como o segundo que mais consome o formato no mundo: somente o Grupo Globo já possui 64 programas em áudio

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TV Globo/Reprodução
A Escolinha do Professor Raimundo
1 de 1 A Escolinha do Professor Raimundo - Foto: TV Globo/Reprodução

Que os brasileiros abraçaram o podcast, não é novidade. Desde 2019, o Brasil se estabeleceu como o segundo que mais consome o formato no mundo, segundo a última pesquisa Podcast Stats Soundbites, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Durante a pandemia da Covid-19, o mercado de conteúdo de áudio deu um salto ainda maior no país, impulsionado pela diversificação dos programas disponibilizados, entre eles, novelas, séries e humorísticos.

Somente o Grupo Globo, que entrou de cabeça no formato no ano passado, possui 64 programas em podcast como o Fora de Hora, com Paulo Vieira, Renata Gaspar, Caíto Mainer e Marcelo Adnet. O mais recente, a versão da Escolinha do Professor Raimundo em áudio, estreou no último dia 29 de julho, com episódios de até 15 minutos, disponibilizados sempre às quartas-feiras e sábados.

“Quando percebemos, ainda em março, os impactos da pandemia, imediatamente tivemos a ideia de fazer o podcast. Todas as escolas do mundo tinham acabado de aderir ao ensino à distância, e a Escolinha era o produto ideal para falarmos dessa nova rotina”, explica a roteirista Angélica Lopes. Para Leonardo Lanna, outro redator da Escolinha do Professor Raimundo, a edição dará possibilidade de saber um pouco mais sobre a vida dos personagens e como eles estão adaptados ao distanciamento.

O Spotify também lançou uma áudio-série original em sete episódios. Sofia, protagonizada por nomes como Mônica Iozzi, Cris Vianna, Otaviano Costa e Hugo Bonemer, conta a história de Helena, que sempre sonhou em sair de sua cidade natal, e finalmente consegue uma chance de emprego em uma empresa de produtos virtuais.

De acordo com Maria Carolina Avis, professora do curso de Marketing Digital do Centro Universitário Internacional (Uninter), o sucesso do podcast durante o isolamento social deve-se ao interesse das pessoas por novas formas de entretenimento e informação. “As pessoas estão com sede de novidade, deixando de lado as plataformas convencionais, e buscando conteúdo dinâmico”, considera a especialista.

Em maio, os programas em formato podcast cresceram em engajamento nas redes sociais. Agora É Que São Elas, que tem conteúdo voltado para política, cotidiano e cultura narrados do ponto de vista feminino e feminista, teve mais de 264 mil interações. Destaque também para o podcast Filhos das Grávida de Taubaté, com a melhor performance em ações por post, 8.694.

Outra iniciativa que surgiu devido à crise na indústria cultural, e da dificuldade de obras de curta-metragens de saírem do “sair do papel”, foi o o Curto!. O projeto visa transformar os filmes em podcasts. O idealizador, ator e roteirista José de Campos se juntou com os produtores audiovisuais Walder Miranda Jr. e Natália Brandino, e se voltou para as antigas radionovelas.

O Curto! transformará 24 roteiros em podcasts. Qualquer roteiro do DF, que ainda não foi realizado, pode se inscrever no site da iniciativa. A previsão é que o lançamento aconteça em fevereiro de 2021.

Novidade

A grande novidade  do formato é que o Spotify, um dos líderes no ramo, agora está adicionando uma nova funcionalidade a seu serviço: os podcasts em vídeo. A funcionalidade ainda não está liberada para todos, apenas para produtores selecionados, mas em breve deve chegar para todos os assinantes.

Teoricamente, já existem podcasts em vídeo, no YouTube. Mas a ferramenta Google tem alguns pontos negativos para os usuários comuns, como não poder ver o vídeo em segundo plano — quando você pode alternar entre os apps, minimizar a tela, bloquear a tela e mesmo assim continuar ouvindo e vendo a imagem mesmo que em miniatura—, funcionalidade que o Spotify contemplará.

Para os criadores de conteúdo se manterem no topo, a professora Maria Carolina Avis ressalta, ainda, a importância dos produtores investirem em conteúdo despojado e espontâneo, que é o grande atrativo desse mercado. “Nada de vídeos superproduzidos, faça com que seu ouvinte se sinta próximo de você”, conclui a professora.

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