Eixão do Lazer: confira guia para curtir programação gratuita em Brasília
Com eventos culturais que movimentam as Asas Sul e Norte, o Eixão do Lazer atrai ainda pessoas que gostam de praticar exercícios ao ar livre
atualizado
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Catorze quilômetros. Essa é a extensão do Eixão do Lazer, projeto que fecha as vias principais dos Eixos Sul e Norte para carros, das 6h às 18h, todos os domingos desde 1991. E se a ideia é antiga, a ocupação das ruas ainda é nova e crescente. Eventos culturais se espalham pelas áreas verdes ao redor do eixão e aparecem como uma opção gratuita para quem busca diversão nos finais de semana em Brasília.
Uma das atrações facilmente encontrada no Eixão do Lazer é o Choro no Eixo, que ocupa a área verde na altura da 108/208 Norte. Iniciativa de Gilson Mendes e Márcio Marinho, o evento começou como um encontro de músicos que buscavam alternativas para apresentações após o fim do lockdown no Distrito Federal.
“O negócio foi crescendo e dando certo por conta da música maravilhosa que é o choro, e isso foi em 2020, e a coisa caiu no gosto do público. E desde então a gente não parou mais”, explica Gilson. Além da tenda em que os músicos se apresentam e recebem artistas convidados, o local conta com venda de comidas e bebidas, artesanato, plantas, roupas e até espaços para tatuagem.
Um nome certo no Choro no Eixo é Samuel Aguiar, de 9 anos. Tocador de clarineta, ele encantou as pessoas que passaram pelo evento no último domingo (25/6) com clássicos da música brasileira, como Carinhoso e Água de Coco. Mas é provável encontrar ele por lá neste domingo, e em vários outros.
“Eu gosto de tocar clarineta junto com várias pessoas e quase sempre venho tocar com eles”, conta o menino. “É meio envergonhante, mas eu gosto.”
A poucos metros do evento coordenado por Mendes e Marinho está um atrativo para os amantes do rock ‘n’ roll. O Rock no Eixão ocupa o gramado na altura da 110/210 Norte e é uma opção menor, mas que também conta com espaços gastronômicos e musicais, além de brinquedos para as crianças.
“A gente fala que isso aqui (o Eixão) é a praia de Brasília. [E o Rock no Eixo] é um evento cultural, sempre com os mesmo trucks que valorizam a produção local e toda semana com uma banda de rock diferente”, detalha Hosana Coelho, sócia da cervejaria Bracitorium e uma das líderes à frente da iniciativa.
E não são apenas os eventos que inovam na ocupação dos espaços públicos. É fácil encontrar pessoas que escolheram o Eixão do Lazer como local para comemorar aniversários, seja com piqueniques intimistas, ou com festas temáticas, como é o caso de Crislinda Santiago. Ela comemorou seus 50 anos no último domingo com direito a decoração, bolo, doces e mesas espalhadas pelo gramado.
“Como eu gosto muito de eventos ao ar livre, eu pensei ‘nada melhor do que comemorar 50 anos trazendo as pessoas para o Eixão, que é um lugar que eu amo’, e resolvi fazer a Tardezinha da Crislinda”, conta a moradora do Sudoeste, que costuma ir aos domingos curtir a programação do Choro no Eixo.
Mais do Eixão do Lazer na Asa Norte
A juventude universitária que sempre marcou o lado Norte do Plano Piloto pode ser vista nas ruas movimentadas desde cedo no domingo. Para acompanhar o ritmo dos moradores e visitantes, outras iniciativas também passaram a ocupar o espaço público que existe entre as 200 e as 100.
Na altura da 111/211 Norte, o Eixão do Jazz realiza sua quarta edição neste 2 de julho, com uma homenagem ao saxofonista John Coltrane. Criado por Dudão Melo e Mário Sartô, o projeto ainda é pequeno, mas tem conquistado cada semana mais público. No palco improvisado, artistas da cidade apresentam clássicos que marcam o jazz no Brasil e no mundo. “A gente entende que o Eixão do Lazer pode, aos poucos, se transformar em um grande festival cultural de rua”, avalia Sartô.
Ainda sem um nome oficial, outra iniciativa começa a ganhar forma na 112/212 Norte. Organizado por Kennedy Nunes, o local reúne dois trucks de cerveja e um churrasco, além de tentar sempre levar uma banda local com um som de pop rock. “[O Eixão] é um lugar que as pessoas gostam praticar esportes e exercícios, mas sem o movimento cultural, parece que não tem link. Então eu valorizo muito essa parte”, detalha o chef de cozinha.
No começo da via, no retorno que fica na altura da 103/104 Norte, quem garante a diversão é o Quadradinho do Eixo. Seguindo a linda das outras atividades, eles também contam com opções de comidas e bebidas e música, sempre buscando artistas da cidade. Embora esteja distante do principal ponto de movimentação da Asa Norte, os comerciantes pensaram em uma localização para atrair também pessoas que venham de outras regiões administrativas e consigam chegar de um jeito mais fácil ao local, usando o Metrô, por exemplo.
O que fazer do lado Sul
Um pouco mais tranquila que a vizinha, a Asa Sul conta com apenas um evento que integra música à programação. Montado todos os domingos na altura da 210 Sul, o Complexo Itinerante começou há cerca de um ano e meio como uma ideia de dar espaço para artistas locais e agora também oferece atividades infantis, esportivas e área de gastronomia.
Além disso, o organizador Kleiton Guimarães conta que o evento recebe doações de alimentos para doar a instituições carentes e que o sucesso os fez migrar para outros locais. Aos sábados, o Complexo funciona no Park Way com os mesmos atrativos da Asa Sul.
Alessandra Vieira costuma sair de Águas Claras aos domingos para andar de bicicleta no centro do Distrito Federal. Junto com as amigas Adriana Piveta e Talita Ramos, ela costuma pegar o metrô, descer na estação 114 Sul e curtir um passeio pelo Plano. Mas antes de ir embora, costuma fazer uma parada no Complexo: “A gente pedala e para para comer alguma coisa”.
Pix-solidário e autorizações no Eixão do Lazer
Um dos principais atrativos do espaço é que as atividades são todas gratuitas. Entretanto, os organizadores explicam que precisam arcar com as despesas do local, que costuma incluir geradores de energia para bandas e brinquedos infláveis e locação de banheiros químicos, além da contratação dos artistas.
Assim, muitos adotaram a ideia do Pix Solidário, que oferece para o público a opção de fazer doações para ajudar a manter os eventos em funcionamento.
Ocupando espaços públicos, nem todos os eventos possuem registros oficiais ou documentação do governo para ocorrer. De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER/DF), apenas comércios relacionados às práticas esportivas e lazer estão autorizados a funcionar.
O órgão garante que “ambulantes que vendem alimentos e bebidas, principalmente alcoólicas, e food trucks” não possuem autorização do DER, “visto que nas quadras comerciais há o oferecimento destes tipos de produtos”.