Divinas Tetas traz clima da Tropicália para o Setor Bancário Norte
O bloco investe em uma releitura carnavalesca dos ícones da MPB nesta segunda-feira (4/3)
atualizado
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A vibe Tropicália do Divinas Tetas ocupou, a partir das 14h desta segunda-feira (4/3), o Setor Bancário Norte. A agremiação alternativa, uma das mais queridas de Brasília, toca releituras carnavalescas da música popular brasileira. A praça começou a encher por volta das 15h ao som de Cilada, do Molejo. Até então tímidos, os protestos políticos apareceram no bloquinho.
Nesse domingo (3), durante o Montadas: Bloco da Diversidade, o público cantou músicas em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Nas redes sociais, hashtags com críticas e apoio ao chefe do Executivo foram os assuntos mais comentados. Além das fantasias de laranja, foliões brincaram com a Ursal (União das Repúblicas Socialistas da América Latina) e pediram liberdade para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A pegada tropicalista do Divinas atraiu foliões que quiseram fazer críticas políticas: no meio do glitter, fantasias de laranja, de Bolsonaro e até mesmo de José de Abreu presidente estavam presentes.
Os namorados João Victor Ferreira e Graziely Rodrigues foram para a folia de fantasia de casal: ele de presidente, ela de laranja. A ideia foi dele, mas a moça que topou na hora. “A gente sempre se opôs à proposta deste governo. Como no Carnaval podemos nos permitir a temer menos, decidimos extravasar essa crítica”, explica João.
Os dois tiveram a ideia da fantasia bem antes do feriado, mas só se vestiram assim nesta segunda (4). Eles foram ao Babydoll de Nylon, mas não se animaram a fazer a crítica por ali. “Nós ficamos com medo quando chegamos à Rodoviária do Plano. Recebemos uns olhares de dar susto e um homem chegou a nos agredir verbalmente”, conta Graziely.
Carnaval de Brasília
Os brasilienses Juliana Nascimento e Felipe Laraia não fazem a menor questão de viajar nesta época do ano. Muito pelo contrário: o casal adora pular Carnaval em Brasília. “O ânimo das pessoas aqui é contagiante. Brasília acumula muitas culturas diferentes, e é na folia que elas convivem”, opina Juliana.
Vestidos de palhaços, os namorados estavam animados para ouvir sons tropicalistas do palco do Divinas. Os dois estão em seu terceiro dia seguido de Carnaval. “Achei que este ano está mais organizado e mais seguro, mas sinto falta da bagunça, acho mais democrático”, diz Felipe.
Aniversário no bloco
A brasiliense Bia Saffi fez questão de levar os amigos recifenses Taís Valença e Diogo L’Amour, bem como o maranhense David Murad, para a folia da capital federal. Os nordestinos moram por aqui há alguns anos e garantem que não acham ruim passar o Carnaval na cidade. “A gente não vai para o Nordeste porque é muito caro. Ou vai para a Europa, ou vai para Olinda”, brinca Diogo.
“A gente vê uma nítida evolução do Carnaval em Brasília. Quando eu era criança, até saía em blocos tradicionais, mas era um feriado para ficar em casa ou ir ao cinema. Agora tem muita oferta! Gosto da estrutura que montaram aqui, mas sinto falta de seguir um bom bloquinho de rua”, comenta Bia.
Fã do Carnaval da capital, a brasiliense Danielly Bontempo – que está há um mês seguindo bloquinhos – deu a sorte de fazer 28 anos nesta segunda-feira (4/3). Ela decidiu comemorar na rua mesmo: as amigas fizeram um bolo, brigadeiros e vão cantar os parabéns no meio da folia.
“O Divinas é um dos meus blocos favoritos. Sou adepta dos menores, não sou muito de ir a grandes trios. Sou fã da Praça dos Prazeres”, elogiou a aniversariante.