Diretores de Isabella – O Caso Nardoni: “Foi difícil segurar lágrimas”
Micael Langer e Cláudio Manoel, diretores de Isabella: O Caso Nardoni, falaram ao Metrópoles sobre os bastidores da produção da Netflix
atualizado
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Estreia nesta quinta-feira (17/8), na Netflix, o documentário Isabella: O Caso Nardoni. A produção, como o nome deixa claro, revisita a trágica morte da menina Isabella Nardoni, arremesada pela janela pelo pai e pela madrasta, aos cinco anos de idade.
A produção é mais uma da atual lista de projetos de true crimes brasileiros. A lista abriga Todo Dia a Mesma Noite, Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez, A Menina Que Matou os Pais e outras várias produções. Nesse emaranhando, qual o diferencial da nova produção?
Para o diretor Cláudio Manoel – mais conhecido do público-geral por sua participação no humoristico Casseta & Planeta (Globo) –, o diferencial do documentário está em não tomar um lado.
“O filme fornece elementos, vertentes e aborda camadas e questões para que as pessoas formem sua própria opinião, mas não nos propomos a reverter nada. Estamos aqui apenas para contar essa história que teve um impacto enorme na sociedade brasileira”, fala o documentarista, em entrevista ao Metrópoles.
Mesmo com a busca da imparcialidade, Isabella: O Caso Nardoni enfrentou um desafio. Alexandre Nardoni, atualmente preso em Tremembé, e Carolina Jatobá, que cumpre pena em regime aberto, não aceitaram falar com a produção. Micael Langer, que divide a direção com Cláudio Manoel, conta como fizeram para contornar o fato.
“Por razões que só eles podem explicar, decidiram por não participar do documentário, mas tivemos a participação dos advogados de defesa. Por isso, consideramos que o filme não perde com a ausência deles, no sentido de que a história como um todo não mudaria na sua essência”, avalia Langer.
Emoção e lágrimas
Micael Langer revela que, nos bastidores das gravações, a emoção tomava conta dos personagens e também da equipe.
“Foi difícil segurar as lágrimas, muitos não conseguiram e com certeza foram dias pesados para a equipe toda, mas ao mesmo tempo sabíamos da responsabilidade de contar essa história da maneira mais humana possível. Este é um projeto pela memória da Isabella”, garante o diretor.
Os realizadores têm consciência de que o gênero True Crime, apesar da popularidade, tem enfretado críticas variadas, que vão da espetacularização da violência até a revitimização das pessoas.
“Revisitar o caso foi, por um lado, complexo, pois há muita responsabilidade não só com a família, que está participando pela primeira vez de uma obra que conta a história da Isabella, mas com todos os profissionais envolvidos na investigação, na cobertura jornalística etc”, pondera o cineasta.
“Por outro lado, nos beneficiamos de um distanciamento histórico que só 15 anos podem dar, e que traz muitas reflexões. A relação com os Oliveira foi sendo construída aos poucos, e resultou na confiança por parte deles de que respeitaríamos a memória da Isabella e a dor de toda a família”, conclui Langer.