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Diretor pré-indicado ao Oscar defende políticas para o cinema nacional

Responsável por filme que pode representar o Brasil no Oscar, Kléber Mendonça Filho defende renovação da cota de tela no cinema nacional

atualizado

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Léo Laumont/FDC
Kleber Mendonça Filho
1 de 1 Kleber Mendonça Filho - Foto: Léo Laumont/FDC

A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais anunciou nesta terça-feira (12/9) o filme escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2024: Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho.

Sucesso no circuito mundial de festivais de cinema, o longa está em cartaz desde o mês passado, mas apesar dos atributos que o classificaram a potencial representante do Brasil na premiação, Retratos Fantasmas está longe de gerar o burburinho de títulos como Barbie, Openheimer, Super Mario Bros e Besouro Azul, por exemplo.

Em recente entrevista ao Metrópoles, Kléber Mendonça Filho atribuiu esse desempenho tímido da produção nacional à ausencia de políticas públicas para o setor, sobretudo nos últimos anos.

O cineasta cita a cota de tela, mecanismo de proteção do produto cinematográfico nacional, que foi adotada em 1937 no Brasil e esteve em vigor durante mais de oito décadas, deixando de ser renovada e aplicada a partir de 2019, no primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL/RJ).

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Longa está em sequência de pré-estreias pelo país
Além de Cannes, Retratos Fantasmas já passou por Munique, na Alemanha, Sydney e Melbourne, na Austrália
Filme também abriu o 51º Festival de Gramado
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Retratos Fantasmas

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Longa está em sequência de pré-estreias pelo país

João Carlos Lacerda/Divulgação
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Além de Cannes, Retratos Fantasmas já passou por Munique, na Alemanha, Sydney e Melbourne, na Austrália

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Filme também abriu o 51º Festival de Gramado

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“Eu obviamente não sou contra o cinema hollywoodiano, mas eu não entendo como é possível que num multiplex de 12 salas, 11 estarem recebendo o mesmo filme. Isso não existe, precisa ser regulado de alguma maneira. Não faz sentido do ponto de vista de cultura, do jeito que está, sem a cota de tela”, defendeu Mendonça.

Sem cota de tela, o cinema nacional sofreu queda expressiva no mercado de salas de cinema: de aproximadamente 12% da bilheteria nas últimas duas décadas para o patamar de 4,2% em 2022 e 0,9% ao longo do corrente ano. Não à toa, desde 2019, ano de estreia de Minha Mãe é Uma Peça 3, um filme nacional não figura entre as 20 maiores bilheterias do país.

“É uma terra de ninguém, e não dá pra viver de maneira avacalhada dessa forma”

Kléber Mendonça Filho sobre ausência da cota-tela

Apesar do cenário, o nome criativo por trás de Aquarius, Bacurau e o Som ao Redor afirma não temer desaparecimento do cinema brasileiro, em uma analogia aos antigos cinemas de rua de Recife, que também têm papel de protagonistas em Retratos Fantasmas.

“Eu tenho certeza que o cinema, organizando direitinho vai continuar ganhando dinheiro, colocando o filme pelo menos em cinco salas das 12. É preciso organizar as coisas e ter espaço para o produtor brasileiro de cinema, da mesma maneira que o agronegócio e a  indústria automobilística, por exemplo, têm as suas proteções e tem seus mecanismos de incentivo. No final das contas, para o capitalismo todos fazem dinheiro e o cinema e o audiovisual brasileiro é uma indústria e precisa ser protegida, respeitada e valorizada pelo próprio país”. 

Sem cota tela para o cinema

Esperança para os profissionais do setor, o Projeto de Lei nº 3696/2023, do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP),previa a renovação da cota de tela no cinema e na TV por assinatura até 2043.

A proposta, contudo, sofreu uma alteração significativa ao passar pela Comissão de Educação e Cultura no final do mês passado. , com relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), com uma alteração significativa: a retirada das salas de cinema do projeto antes de ser debatida na Comissão de Comunicação e Direito Digital e ser encaminhado para a Câmara dos Deputados.

Em entrevista ao O Globo, o relator afirmou que a ideia é discutir a política de exibição nos cinemas em outro momento, para não atrapalhar a renovação da cota das TVs pagas, que expirou nessa terça-feira (12/9).

“Chegamos à conclusão de que precisamos de um entendimento setorizado, um olhar exclusivo sobre a questão do cinema. Então, resolvemos retirar esse segmento do projeto que tramita para tratar em um texto à parte, com tempo e condições para essa discussão. No caso da cota de tela da TV paga, havia consenso sobre o tema e uma urgência, tendo em conta que há uma data a vencer. Então, foi uma construção coletiva agir dessa forma”, explicou o senador.

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