Diretor da Funarte ofende Fernanda Montenegro e revolta artistas
O ataque foi feito após Montenegro posar para a capa da revista literária Quatro Cinco Um
atualizado
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Diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte e dramaturgo, Roberto Alvim ofendeu Fernanda Montenegro em uma publicação no Facebook. Na postagem, Alvim chamou a atriz de “sórdida”. Isso causou indignação na classe artística, que não deixou barato.
O ataque foi feito após Montenegro posar para a capa da revista literária Quatro Cinco Um. Na edição de outubro da publicação, a atriz é retratada como uma bruxa presa a uma estaca prestes a ser queimada em uma fogueira com livros. Diante da repercussão, o diretor voltou a ofender Montenegro, chamando-a de “mentirosa” e dizendo que despreza a artista.
Também na rede social, a atriz e diretora Guida Vianna criticou o diretor, escrevendo: “É o maior absurdo que eu já li, ninguém pode ofender as pessoas desse jeito. Um presidente que elogia a tortura deveria ser processado, da mesma forma que um diretor que ocupa o cargo público, na Funarte, e ofende o maior ícone teatral do Brasil, também”, defendeu.
Em comunicado, a Associação dos Produtores de Teatro (APTR) também desaprovou das declarações de Alvim. Leia a nota na íntegra:
A APTR repudia veementemente as declarações do diretor de Artes Cênicas da Funarte, Sr. Roberto Alvim, em suas redes sociais, onde classifica o não diálogo com a classe artística como uma “guerra irrevogável”.
Com a mesma intensidade, repudiamos a classificação da fala de dona Fernanda Montenegro como infantil, mentirosa e canalha. É absolutamente inadmissível que uma atriz com a sua trajetória seja atacada em seu livre exercício de expressão.
Desde que o mundo é mundo, as identidades de todos os povos são construídas através de símbolos, plenos de significados, originando histórias transmitidas de geração em geração. Por este motivo, quando o objetivo é destruir algo, o alvo é sempre o sagrado, o simbólico ou aquilo de maior valor afetivo.
Como cidadão, o Sr. Roberto Alvim pode expressar opinião, independentemente do campo social, cultural e ideológico. Já como gestor público de relevância nacional – ou seja, representando o país como um todo – o mesmo deveria atentar-se à natureza do seu cargo, pautando-se pelo respeito à classe que representa e aos profissionais consagrados por sua atuação.
Cuidar da cultura como um importante setor para a economia e a formação de um país trata-se de um exercício diário, ético e respeitoso. O mesmo se aplica ao cuidado que deveria ser adotado ao se referir a uma atriz como Fernanda Montenegro, um símbolo da identidade nacional, com reconhecimento em todo o mundo.
Persistiremos na busca pelo diálogo, pela liberdade de expressão, pelo afeto ao fazer artístico e cultural de nosso país. Tudo isso de forma civilizada e com total respeito à diversidade.