De olho na geração Z, TikTok passa a transmitir jogos de futebol
A plataforma já transmitiu alguns jogos da série C, além do Campeonato Espanhol, Liga Japonesa e Copa do Nordeste
atualizado
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Desde que a Rede Globo perdeu o monopólio das partidas de futebol no Brasil, diversas plataformas de streaming apareceram como potencial casa do esporte mais popular de nosso país. Entre eles, Amazon, HBO Max, Twitch, entre outros. Mesmo conhecido por vídeos curtos, o TikTok também entrou na onda e firmou parceria com diversas ligas ao redor do mundo.
Em busca de um novo público, o Campeonato Japonês (J.League) fechou uma parceria com a rede social para tentar gerar interesse nos mais jovens. Já na Espanha, a plataforma transmitiu seu primeiro jogo da LaLiga, entre Real Sociedad e Betis, recentemente. O uso dessas redes, bem como o serviço de streaming são vistos por clubes e especialistas como um processo natural.
“As redes sociais estão se mostrando uma nova mídia, que logo atingirá o nosso futebol nacional, justamente pelo poder de penetração em público mais jovens. Vejo como complementar ao modelo atual, não substitutivo. Provavelmente as emissoras de TV se utilizarão das próprias redes sociais para oferecer novas formas de interação e monetização, formando um modelo híbrido entre todas as formas de mídia”, afirma Fábio Pizzamiglio, vice-presidente de marketing do Juventude.
Já Rafael Xavier dos Passos, coordenador de comunicação do Avaí, entende que o engajamento dessas plataformas é importante, uma vez que o futebol rivaliza com o e-sports. “Vejo de forma muito salutar a chegada desses novos players a um mercado que tende a ser tradicional. Além de diversificar as opções de transmissão, as redes sociais, em especial o TikTok, tem um recorte geracional de um público bem mais jovem e que consome conteúdo de um jeito diferente. Esse é um público que vem se afastando do futebol ano após ano”.
“Ainda é cedo para substituir alguma coisa. As transmissões tradicionais ainda têm muita força e o torcedor de futebol, em geral, é um pouco mais velho e acostumado a ter o jogo ao seu alcance no controle remoto, sentado no conforto de seu sofá. É interessante que os clubes e federações entendam que as redes sociais podem ser um grande complemento”, completou o coordenador.
Uma pesquisa feita no Japão apontou que, durante a pandemia, os fãs de futebol com menos de 30 anos caíram de 34,5% para 22,1%. O acordo foi uma tentativa de colocar esse público de volta ao esporte, já que a rede tem 43% de seus usuários globais com idade entre 18 e 24 anos.
A estratégia também ficou evidenciada no comunicado do presidente da J.League. “O TikTok tem muitos usuários da Geração Z, que é um segmento que queremos alcançar especialmente. Nossa esperança é que, por meio dessa parceria, eles aprendam sobre a liga e nossos clubes, venham ao estádio, assistam aos jogos e aumentem o interesse pelo futebol”, disse Yoshikazu Nonomura.
Principal especialista em streaming, inovação e novos negócios do esporte, o CEO da Feel The Match, Bruno Maia, aponta que a distribuição digital demorou para chegar nos esportes de maneira geral, por conta dos altos custos dos direitos.
“O que está mudando é o eixo de distribuição de esporte, se deslocando dos modelos de TV aberta e paga para os do streaming. As redes sociais não deixam de ser plataformas de streaming. A Copa do Nordeste fez a primeira transmissão do mundo no TikTok e foi um sucesso. Penso que o impacto nas televisões foi antes, agora é a consequência. O modelo de distribuição vem mudando lentamente desde a virada do século. No futebol, ele parece ter chegado por último, mas não é diferente do que a música viveu na virada dos anos 1990 para os 2000”, explicou Maia.
O TikTok também conta com uma parceria com a NSports e aparece como patrocinador oficial da Série C do Campeonato Brasileiro, com a transmissão de um jogo por semana. “Não acreditamos nas redes sociais como um substituto dos meios mais tradicionais de transmissão. Acreditamos como uma entrega complementar, para um público diferente e que também tem hábitos diferentes de consumo”, explica Guilherme Figueiredo, CEO da NSports.
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