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Crítica: Nolan acerta ao olhar o humano e não o físico em Oppenheimer

Oppenheimer é um dos filmes mais interessantes de Christopher Nolan em muito tempo. Longa estreia nesta quinta (20/7)

atualizado

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Universal Pictures/Divulgação
Foto colorida de Cillian Murphy como Oppenheimer em novo filme de Christopher Nolan - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de Cillian Murphy como Oppenheimer em novo filme de Christopher Nolan - Metrópoles - Foto: Universal Pictures/Divulgação

Christopher Nolan costuma brincar com a percepção do público. Exige atenção para que os conceitos expostos façam sentido – como mostram A Origem (2010), Interstelar (2014) e Tenet (2020). Em Oppenheimer (2023), o diretor usa essa característica de uma maneira mais “cientificamente” e acerta em quase tudo.

Mesmo que fale de um físico – especificamente J. Robert Oppenheimer, o criador da bomba atômica – Nolan não se aprofunda em criar um hermético mundo da ciência. Aliás, o diretor acerta ao transformar os conceitos em efeitos visuais e sensoriais, que ganham dimensões especiais dentro de uma sala de cinema.

Foto colorida de Cillian Murphy como Oppenheimer em novo filme de Christopher Nolan - Metrópoles
Momento da explosão da bomba atômica em Oppenheimer

Mas, o que seduz em Oppenheimer é justamente a arte de contar uma história. O filme começa com uma cena de uma maçã, na qual o ainda estudante de física coloca veneno em uma reação impulsiva. No curto arco, ele se arrepende e é consumido pela culpa. A simples sequência, acredite, é uma síntese do que acompanhará o espectador pelas (exageradas) três horas de tela.

Christopher Nolan tem em mãos dois lados do físico: o gênio e o político. E mostra como, ao tentar conciliar os dois universos (tal qual como tenta com a física e o Novo México), Oppenheimer é um homem atormentado pelo status de sua criação e a consequência de sua habilidade acima da média. Isso sem falar na fogueira das vaidades do mundo acadêmico.

Os dois mundos de Oppenheimer

O peso dos dois mundos de Oppenheimer são compartilhados com duas (talvez as mais importantes, e não, exatamente as únicas, mulheres de sua vida). A idealista e comunista Jean Tatlock (Florence Pugh) e a pragmática Kitty (Emily Blunt). Mesmo que sejam importantes na construção do personagem, há um certo tratamento superiecial dado a elas que incomoda (assim como algumas e desnecessárias cenas de sexo). Um deslize, que não compromete.

Aliás, é de Jean uma das frases mais impactates sobre Oppenheimer: “Você não é tão problemático quanto acha”. E nessa linha que Nolan constrói sua cinebiografia. Ao retratar que a oposição entre sucesso/reconhecimento e culpa é o que torna o cientista alguém… normal.

Foto em preto e branco de Robert Downey Jr. como Lewis Strauss em Oppenheimer - Metrópoles
Robert Downey Jr. como Lewis Strauss em Oppenheimer

E o contraponto dessa ambiguidade moral tem nomes: Lewis Strauss, vivido por um Robert Downey Jr. extremamente inspirado, e o general Leslei Groves (Matt Damon). São os dois, em atitudes opostas, que mostram que, de fato, Oppenheimer, a despeito de sua própria genialidade, é menos complexo do que imagina.

Se Nolan acerta em cheio na linha que segue para biografar o personagem – e em escolher um elenco de muita qualidade –, o diretor escorrega na duração de sua própria análise. Ao ser extremamente longo, Oppenheimer se perde em breves momentos, para, em seu arco final, dar a sensação de que a introdução foi demasiadamente longa.

Christopher Nolan acerta ao focar mais no humano e menos físico em Oppenheimer.

Crítica: Ótimo

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